“MEU DEUS EU NÃO TENHO TEMPO” ou “Queria que o dia tivesse mais horas” ou “Queria conseguir fazer tudo o que eu quero fazer” ou “Tenho que escolher entre vida social, trabalho, saúde, estudo, diversão, arte…” eram frases frequentes na minha vida. A eterna sensação de que não importe o quanto você faça, não é o bastante pra fazer tudo o que você quer. Faz mais de um ano que eu comecei a minha jornada da organização e produtividade. Agora eu já chamado de jornada, porque a minha perspectiva mudou bastante nos últimos tempos. E como depois desse tempo todo eu finalmente encontrei uma rotina que me ajude, achei que chegou a hora de compartilhar.
Para começar, hábitos não surgem da noite para o dia, eles se criam. Se você decidir que a partir de amanhã vai começar a fazer algo que você nunca fez na vida, as chances disso não funcionar são altas. Coisas tão simples como entrar em um site de to-do list se tornam impraticáveis. É por isso que dietas falham, academias são abandonadas e é difícil vencer ao NaNoWriMo.
Tudo o que você fizer não vai dar certo. No momento, eu uso uma folha de papel com uma lista das coisas que eu vou fazer durante a semana. Eu me pergunto quanto tempo vai levar até eu fazer outra coisa completa. Às vezes eu até penso enquanto faço: Acho que faço essa lista só para ter o prazer de não segui-la. O mesmo para qualquer regra que eu invente. Por isso que mesmo que eu pareça a maníaca da organização fazendo essas listas, eu sou a primeira pessoa a ignorar para fazer o que eu quero. Mas isso não é ruim, porque faz parte do processo. É importante estar atento ao que funciona e o que não funciona. “Não estou com vontade de fazer a lista” – tem algo que não está funcionando, como melhorar? “Não consegui escrever hoje o dia inteiro” – o que aconteceu?
Não é sobre se restringir, é sobre se descobrir. O objetivo de se organizar é qual? Fazer o que você quer fazer. Criar uma rotina que te faça bem. É por isso que não vai dar certo. Antes eu tentava fazer uma ordem de prioridade na minha lista, agora eu sei que isso não funciona porque se eu não tiver muita vontade de fazer a próxima coisa acabo não fazendo nada. Agora é só uma lista de coisas para resolver na semana e eu tenho que fazer uma quantidade por dia. Também descobri que tem coisas que eu evito fazer. Que eu tenho dificuldade de focar na escrita de histórias e em cuidar do blog ao mesmo tempo. Que quanto mais específica é a tarefa, mais fácil é fazer (“Presente da Anna”: não faço. “Escrever cartão”, “Fazer embalagem”, “Comprar adesivo”: faço).
O principal fica. Acho que um dos maiores presentes que eu ganhei disso tudo foram as segunda-feiras. Toda segunda agora eu faço a lista, arrumo o quarto, vejo o que eu vou precisar pra semana… Toda segunda virou meu dia de organização. Até quando eu to viajando eu paro pra me organizar. Mesmo que eu esteja puta da vida e não queira fazer nada a semana inteira, eu acabo arrumando meu quarto. E mesmo se eu sou abduzida na segunda, eu acabo fazendo na terça. Funcionou comigo, me fez bem, me ajuda e eu continuei fazendo. Junto com a segunda da organização, também criei o “dia de arrumar a casa” e outros dias mais específicos, todos esses não deram certo. Já usei sites de organização, google drive, milhões de papeis diferentes… Ainda assim, a cada vez eu reuni pequenos conhecimentos. Teve uma época, por exemplo, que eu acompanhava as “áreas da vida” (estudar, escrever, blog, saúde, projetos paralelos, estudar, diversão, amigos…). Agora eu me sinto mal só de pensar em controlar tanto a vida, mas isso me ensinou a ter noção das diferentes partes da vida (acredita que eu tinha que me obrigar a assistir, ler e ouvir as coisas?) e como equilibrar isso.
Aprendi também que muito tempo é perdido na internet sem ver. Outro dia, sem brincadeira, fui responder meu amigo, me distraí 1 segundo e passei 2 horas fazendo sei lá o que perdida na internet até voltar pra responder. DUAS. FUCKING. HORAS. E é assim todo dia se eu não tomo cuidado.
A minha lista, no momento, é como uma âncora. Eu vejo o que está pendendo para a semana, “áreas da vida” que eu quero levar adiante, certos temas que eu acho mais importante escrever. Quando você está no “calor do momento” é difícil você saber o que fazer e lembrar o que é urgente – a lista já me diz isso. Ou às vezes… eu não sei o que acontece, mas quando fica tudo no ar, dá a impressão de que é tanta coisa que não dá pra saber onde começar. O resultado é que eu fico me sentindo mal por não fazer, enquanto eu quero fazer. É só olhar a lista e ir em frente. Ao mesmo tempo, também aprendi a importância de não fazer nada. Agora mesmo, escrever isso aqui não está na lista e eu não estou com paciência de transformar isso num texto direito pra o CC, mas eu quero escrever. (eu normalmente acordo igual a zumbi e se não tiver algo que me tire da cama logo, o risco de acabar dormindo outra vez é grande… o que é ruim, já que eu estou tentando criar uma rotina de sono e me sinto mal quando isso acontece. então qualquer coisa que ative o meu cérebro e me faça levantar da cama, eu faço. hoje foi escrever sobre organização) Isso aqui teoricamente é tempo perdido, mas me faz bem. Então foda-se. O mesmo serve se eu ficar com vontade de ficar no tumblr por horas ou deitada na cama olhando para o teto (apesar de que eu ainda preciso me lembrar de não fazer nada).
Eu acho que eu finalmente estou chegando em um momento em que a lista acaba. Eu completo tudo. “O meu dever está feito.” Isso é importante porque a maioria das coisas que eu quero fazer não são obrigações reais. Faculdade ou trabalho, você entra e sai, “está feito”. Você pode passar o resto do tempo dormindo ou olhando pra parede. Só que quando não existe esse limite, a impressão é de que eu sempre posso fazer mais. Eu poderia estar escrevendo. Eu poderia estar fazendo sei lá o que do blog. Eu poderia estar aprendendo a dançar ula-ula. É estranho precisar lutar por um momento em que eu não preciso fazer nada, né? HAUHAUHA
Mas também… essa é a etapa atual. Não faço ideia de qual vai ser a próxima descoberta ou conquista. Só sei que a minha vida está bem melhor e com o mesmo tempo eu consigo fazer bem mais coisas. Ou, principalmente, consigo fazer o que eu quero.