Estamos oficialmente na metade do NaNo! Parabéns por chegar aqui, você merece. Não importa onde você esteja na meta, porque alguma palavra é melhor do que 0 palavra – e isso você já conquistou. Agora vamos em frente. Nesse ponto nós já entramos na história o bastante para se perder, ou já aprendemos que nem todo dia vai ser perfeito. Às vezes a única energia que eu tenho é para agarrar meu único fiapinho de história e ir em frente. Então eu decidi reunir hoje dois truques simples que tornam impossível não ter o que escrever.
1- Macro-planejamento baseado no 7 point system
Essa semana coloquei no grupo do Clube de Escrita sobre o 7 point system de estruturar história, mas eu decidi fazer uma versão rápida, que pode te ajudar na história só respondendo umas perguntas. Afinal, estamos no meio do Nano, senhores, e ninguém tem tempo pra fazer uma estruturação completa tendo 1700 palavras pra escrever.
Copie as perguntas abaixo e responda!
1- Como as coisas no mundo/vida do personagem são antes da história?
2- O que acontece de diferente que tira seu personagem da zona de conforto – faz seu personagem querer algo mais?
3- O que de interessante acontece pra mostrar os riscos de estar fora da zona de conforto? Uma cena de ação, um encontro indesejado.
4- Até aqui seu personagem sobreviveu – foi levado aonde não queria, precisou resistir às coisas. Aqui é o ponto que ele vai começar a lutar contra. O que ele quer resolver? O que ele vai lutar contra? O que faz ele tomar essa decisão? O que ela vai fazer para conseguir o que quer?
5- Uma merda muito grande aconteceu, o que foi? Outra coisa interessante acontece, dessa vez algo maior e mais problemático. Igual o 3, só que mais pesado. Chances são de que vai ferrar com os planos do seu protagonista.
6- Algo de diferente acontece que leva seu personagem à conclusão. O que muda que faz o seu personagem ter a chance de vencer?
7- Como ele vai estar diferente no fim, em relação ao início?
Eu sei que isso funciona, porque eu acabei de responder pra mim e fiquei assustada com o que eu descobri sobre o fim da história, ainda entendi a estratégia dos antagonistas. Eu não sei exatamente como tudo vai acontecer, mas tenho pra onde ir agora.
Aqui no meu rascunho que originou essa perguntas, pode dar uma ideia melhor de cada parte.
https://danamartins.wordpress.com/2014/11/12/seven-point-system-rascunho/
Indico além de responder as perguntas, tentar dizer de forma mais resumida possível os acontecimentos-chave de cada ponto. Vou deixar aqui o meu, é só substituir pelo seu. Aí não tem como não saber o que escrever. É só: como passar de onde você tá para o próximo ponto?
1- Hook
Ela tá indo fazer ballet
2- Plot Turn 1
ela não é uma bailarina
3- Pinch 1
descobre um chip
4- Midpoint
caçar fugitiva
5- Pinch 2
tá sendo perseguida
6- Plot Turn 2
descobre que não pode confiar em si mesma
7- Resolution
tá sozinha vivendo a vida, não é uma bailarina
Obs: Eu pensei que o Midpoint – o 4 – seria um momento mais único de revelação e ir em frente, mas faz uns 5 dias que eu estou no Midpoint e eu vejo uma transformação da personagem na direção de tomar a iniciativa para resolver o problema, em vez de só reagir às mudanças em sua vida.
2- Micro-planejamento com 3 elementos
Quanto mais escrevo, mais eu tenho certeza de que eu não invento a história – ela se cria sozinha. Você só precisa definir três coisas:
1. Mundo
2. Personagem.
3. O que o personagem quer.
1. Mundo
Não importa qual ele seja, você poderia escrever 50 mil palavras só para descreve-lo. Entenda que ele tem regras próprias de condição de existência, seja ele um mundo de fantasia ou história contemporânea. Por exemplo, se a história se passa em uma cidadezinha pequena em um mundo exatamente como o nosso, alienígenas não podem aparecer. Ou o seu personagem não pode ir naquele cinema de última geração, porque em cidadezinhas não existe esse tipo de coisa. “Ah, mas tem um cara muito rico, que construiu e…” Ótimo, você está criando o mundo. Quanto mais você conhece, mais você pode navegar por ele. Mais você pode tirar material para enriquecer a sua história. E, de uma maneira bem simplista, o mundo diz o que você pode fazer ou não. Em suma, todas as respostas estão no mundo. (Vale lembrar que no mundo se incluem as outras pessoas que vivem nele e os conflitos)
2. Personagem
Quem ele é? Como ele é? Como ele está se sentindo nesse ponto da história? (ex: cansado, confuso)
3. O que o personagem quer?
Isso é o que faz as coisas acontecerem. É como aquele joguinho de labirinto que você precisa fazer uma linha que leva o cachorrinho ao osso. O osso é o que o personagem quer, o cachorro é o personagem e o labirinto é o mundo que ele precisa atravessar. Nesse mundo, por exemplo, o cachorro não pode sair voando e chegar no osso, ele precisa atravessar o labirinto. Repare que não é como se você inventasse a história, como ela vai acontecer depende da definição desses 3 elementos.
Então é algo realmente simples. O que o seu personagem quer agora? Fugir do namorado. Pela pessoa que ele é, como ele faria isso? Ficar trancando no quarto. E qual é a reação do mundo? Por acaso a mãe decidiu fazer um jantar pra vizinhança e ele é obrigado a sair do quarto, encarar o namorado e mais um monte de gente chata. (Como ele vai fazer pra conseguir ficar trancado? Por que ele quer isso?)
Repare que é o seu conhecimento sobre o mundo (que existe uma vizinhança, que a mãe faz jantares, que o namorado vai neles) que cria os conflitos para o personagem. E se não há obstáculo – personagem foi para o quarto e ficou lá o dia todo porque ninguém deu a mínima, você vai em frente. Nesse caso, definitivamente vai chegar a hora que essa mãe ou o namorado vai ver o que tá acontecendo, ou vai ser do próprio personagem sair de lá. Siga a cronologia que vai acontecer algo.
Isso pode ser usado também de um modo macro, pra planejar toda sua história, porque é realmente sobre alguém, querendo algo e precisando lidar com um mundo pra conseguir isso. Mas isso se torna extremamente importante para ajustar a sua rota rapidamente enquanto escreve.
O primeiro rascunho é uma floresta e faz parte do processo se perder. Você está escrevendo lixo, experimentando, explodindo laboratórios e cansado de carregar a vida nas costas enquanto bate a meta diária. Às vezes a nossa única força é para esticar a pena e dar o próximo passo. Mas pra onde?
Basta se lembrar desses 3 elementos.
Como o seu personagem está agora?
O que ele quer?
O que no mundo ele vai ter que atravessar para conseguir isso? (a resposta disso é basicamente o que você vai escrever)
Ah, e da perspectiva micro, você quebra isso em partezinhas. Laura Hollis quer encontrar sua amiga desaparecida. [r]Ela precisa lidar com seres sobrenaturais terríveis e desvendar os mistérios de um ritual que acontece há século para conseguir. Ela liga para o serviço de “pessoas perdidas” da faculdade para ter mais informações.
E é isso. É impossível não saber pra onde ir ou o que escrever assim.
Lembre de escrever um dia por vez e evite ficar exausto. \o/
Trate seus personagens como seres humanos, ele continuam ali vivendo, com água do esgoto até os joelhos, em um lugar escuro e ouvindo os ratinhos passarem junto à parede. Eles estão com fome e só querendo um lugar para se encostar e dormir. Ou uma explicação para o que está acontecendo. Eles não querem ficar ali abandonados. Independente da relevância do que está acontecendo com eles para a história principal, isso faz parte de suas vidas. Eles vão querer dar o próximo passo. Tudo o que você tem que fazer é segui-los.