Olá! ESTOU DE VOLTA COM MAIS UM CAMP E MAIS UM CLUBE DE ESCRITA E MAIS… escrita. Faz o que? 2 ou 3 anos que eu to fazendo isso? Tanto faz, o que importa que estou aqui mais uma vez e já estou começando a suspeitar que a única tradição de NaNoWriMo é que cada NaNo é uma experiência diferente. Esse mal já começou e já tenho algumas surpresas.
Vamos conversar sobre como tem sido?
Alguns pensamentos ao longo da semana:
Acho que é impossível marcar só meia hora de escrita por dia, se for fazer isso, tem que marcar 2 horas e meia. 2 horas pra procrastinação e meia hora escrevendo. Toda vez que eu sento pra escrever por algum motivo parece que surge uma urgência de procrastinar em mim.
Recomeçou a batalha do “a primeira coisa que eu vou fazer no dia é escrever” enquanto acaba sendo a última coisa que eu vou fazer.
Foda-se. Foda-se você. Foda-se a vida. Foda-se o mundo. Vou escrever o que eu quiser. (eu depois de decidir “escrever” 4 histórias)
Oi, pessoa que está lendo isso. Está participando do Camp?
Eu… esse Camp foi diferente antes mesmo de começar. Eu parecia… preparada? Uma semana antes eu sentei pra planejar os pontos que faltavam da minha história (do NaNoWriMo em novembro que eu ainda não terminei). Aí percebi que talvez não esteja animada e a Helena me mandou continuar, então só vou obedecer porque chega um ponto na vida que ficar fazendo escolhas é só perder o tempo de tentar tudo.
Mas ao longo da semana eu comecei a ler fanfics e começaram a surgir ideias? Coisas que eu queria escrever. Mais do que isso, coisas que o meu cérebro já decidiu sair escrevendo sem o meu consentimento. De algum modo uma dessas ideias se agregou a outras que eu vinha tendo nos últimos tempo e… de repente eu tinha planos. Uma história possível, atraente e até com fim. Já comecei a escrever no dia mesmo.
Como se isso não fosse o bastante, no dia seguinte tive outra ideia. Que eu comecei de sacanagem, mas aí eu quis continuar e ela começou a crescer.
Eu escrevi 3 mil palavras da história em um dia sem nem ver. Acho que isso conta muito.
Só que o NaNo tava chegando e… *outra história*
Senhor, o que está acontecendo comigo???
Mas eu to feliz, porque eu gosto dessa naturalidade, dessa diversão na hora de escrever. Aquele momento em que você pega os seus personagens e diz CARAMBA, QUE LEGAL SERIA SE ACONTECESSE ISSO E ASSIM. As minhas últimas histórias pareciam meio congeladas. Tem tipo algo mágico nisso.
E eu falei: quer saber? Vou escrever. Vou escrever o que eu quiser. Momentos de diálogos, cenários absurdos, planejamento de histórias que nunca vão terminar. Mesmo dando passe-livre para o meu cérebro ele continuou focando nessas 3 histórias principais. De quebra, ainda recebi de presente no dia 31 de março a inspiração pra escrever um texto aleatório do CC que me lembrou exatamente por que eu tava escrevendo a minha história do Camp passado. Era isso que tava faltando.
Eu tinha esquecido o que eu queria mostrar, como as coisas terminam. O que me inspirou foi a ideia de escrever uma personagem que passa por algo que no final decide não confiar em nada nem ninguém. Como chega ao ponto dessa independência? O ponto de que você não tem o menor problema de lutar pelos dois lados de uma guerra, fazendo o que bem entende. Mais do que isso, o ponto em que você não confia mais em si mesmo pra ser uma pessoa confiável. Eu queria levar a personagem a esse ponto e tinha esquecido completamente.
Então eu decidi que escreveria essas 4 histórias. Vou terminar de qualquer jeito a minha do Camp passado e escrever essas outras, indo sabe lá onde.
Eu escrevendo história: Merda, isso tá uma merda, que merda…
Uma vez eu vi um quadrinho na internet de um artista mostrando que quando ela era pequena tava desenhando e começou a chorar, quando o pai perguntou por que ela tava chorando, a artista respondeu que é por que as mãos dela não desenhavam o que tava na cabeça. Você já passou por algo assim?
Eu já. Tipo ter a ideia perfeita e detalhada na cabeça, aí vai desenhar e sai um boneco palito tremido tipo wtf.
Acho que com a escrita é a mesma coisa. A gente tem a ideia daquele momento super sensível e legal na cabeça, aí vai ver o que tá escrito e é algo tipo “a chuva caiu do céu”.
Então às vezes fica bem difícil. A constante sensação de que não é como o que eu quero, de que não tá transmitindo a sensação, de que o diálogo poderia estar melhor ou que tá muito diálogo. Eu, literalmente, às vezes penso “Isso tá uma merda, que merda…” enquanto to escrevendo. Teve um momento que eu tinha imaginado que uma personagem ia falar com a outra, só que na hora que ela chegou derrubando portas pra colocar moral na casa… me dei conta de que não fazia o menor sentido isso acontecer, ela podia fazer direto o que queria sem ter que falar com a outra. Então eu sei que tem muita coisa truncada assim.
Aliás, uma das histórias é sobre uma banda na estrada e eu to fazendo como se praticamente fosse só eles, sem a equipe que obviamente teria em volta ajudando fazer as coisas acontecerem. Com essa equipe 50% do que eles fizeram não poderia ter acontecido. E aí? E aí que eu to escrevendo, sabendo que aquilo nunca aconteceria, e deixando a história se formar pra na edição pensar em como retrabalhar isso adicionando a equipe.
Mas por que eu to escrevendo mesmo assim? Você leu a parte ali em cima em que eu disse que tinha 3 ideias tomando conta da minha vida? Eu não sei nem mais se eu tenho uma escolha quanto a não escrever. Se eu não escrever… eu vou acabar escrevendo. Mas principalmente eu aprendi que existe o depois. Que a escrita pode ser feita de etapas.
Isso é como eu fiz. Essa semana eu tava reparando que é como se eu tivesse escrevendo 3 vezes a mesma história. A primeira vez é uma visão geral, que eu sei que tem o segredo X da personagem, que ela vai descobrir Y e que é uma história onde vou desenvolver tal assunto. É o planejamento geral.
A segunda é idealização. Que é como “ok, o que vai fazer chegar lá? Como isso vai acontecer na cena?” É uma espécie de resumo mental, em que eu fico tipo “Aí ela tá pintando o muro e chega a outra com dois cafés, elas conversam…” e essa parte é muito ruim, porque começam a surgir diálogos mentais que parecem incríveis e eu sempre tenho medo de perder.
A primeira é basicamente escrever o que foi idealizado. Parece que é repetir o mesmo, só que na transição da mente para a escrita sempre surgem outras surpresas.
Sem falar que como as linhas indicam, é muito mais fácil planejar/idealizar do que escrever. Então mentalmente a história pode estar lá no infinito e na escrita estar bem no início.
É só… curioso. Nunca tinha pensado assim até aqui.
E já imagino que tenha outras vezes que eu vou reescrever, por causa de: edição.
Acho que queria falar mais alguma coisa, mas não lembro. Talvez que o único desafio até agora tem sido escolher qual história eu vou escrever no dia? E até agora só escrevi 2 das 4 histórias durante o Camp.
Ah, e ultimamente eu tenho repensado a ideia do que significa planejamento. Acho que sempre tive uma ideia meio… fixa. Como se planejar fosse criar um roteiro de viagens fixo. Até que aconteceram algumas coisas, a principal sendo ter começado a stalkear os escritores de The 100, e percebido como eles criam praticamente toda a história antes da parte de escrita. Isso me fez pensar em toda essa parte divertida de criar a história mentalmente, através de conversas. Já fez isso? Já criou em colaboração alguma vez? Vocês vão trocando ideias, ajustando acontecimentos, pensando no que vai acontecer. Assim meio que você já tem uma história pronta antes de escrever. Não que você vá escrever a história já pronta – aí existe essa fase depois pra ajustar o que foi escrito. Como eu falei ali em cima, nem tudo o que eu penso é escrito como eu quero.
Eu não sei se isso é super idiota, só que tomar consciência disso tem me feito repensar como eu crio histórias e, claramente, aumentou minha animação.
Vou finalizar com uma citação sobre bloqueio de escrita que também tem me feito pensar e ajudado a escrever:
“Como passar por cima do bloqueio de escrita: escreva algo substancial toda amanhã, e enquanto fizer esqueça totalmente a impressão que alguém vai ter disso. Ou seja, passe por cima do ego.” PAUL FUSSELL
Até semana que vem e escreva muito lixo. 🙂
Dana