Esse é um vídeo divertido que nos faz refletir sobre as estatísticas que mostram que homem recebe um salário maior fazendo o mesmo trabalho que uma mulher. “Mas conheço umas mulheres que têm salário maior”, se você pensou isso esse outro texto é pra você, clique aqui. Enfim, depois de assistir eu fiquei pensando:
Se alguém faz isso na vida real vai ser despedido.
Meritocracia. Você recebe pelo que faz.
Se você merece, você ganha.
Certo?
Se a mulher não faz, ela não recebe. Ainda que ela consiga manter o emprego assim, o outro funcionário que tá mostrando mais esforço é quem vai ganhar a promoção. Nada mais justo, a pessoa que faz mais merece mais e nem é bom pra empresa alguém que não se esforça. Nada mais justo.
Aí é que tá o problema.
Isso é válido apenas quando todo mundo é tratado com o mesmo valor.
E é algo tão problemático que a mulher já recebe menos por fazer o mesmo trabalho e se tentar protestar ela é que sofre as consequências por não fazer o trabalho “direito”. Enquanto do outro lado não estão pagando direito.
É mérito na hora de receber, não na hora de pagar?
Só que se você não paga pelo que a pessoa merece, isso significa que o que temos aqui não é meritocracia (afinal, ninguém tá recebendo pelo próprio mérito).
E defender essa ideia em um sistema problemático como o nosso é ser apenas cego.
Eu realmente gosto desse sistema que recebe quem faz. Mas dá pra entender? Esse não é o sistema em que nós vivemos se uma pessoa recebe um salário diferente considerando seu sexo ou grupo étnico.
Significado de Meritocracia
s.f. Predominância dos que possuem méritos; predomínio das pessoas que são mais competentes, eficientes, trabalhadoras ou superiores intelectualmente, numa empresa, grupo, sociedade, trabalho etc.
Modo de seleção cujos preceitos se baseiam nos méritos pessoais daqueles que participam: conseguiu o trabalho por meritocracia.
Método que consiste na atribuição de recompensa aos que possuem méritos: foi eleito o funcionário do mês por meritocracia.
(Etm. mérito + o + cracia)
A meritocracia é muito defendida, às vezes nem com esse nome, tipo quando alguém fala “é só você lutar que você consegue”. Ou quando se fala mal do sistema de cotas porque “deveria passar quem estuda mais”. Só que no mundo real não é só o mérito próprio que é julgado.
Talvez uma forma de entender isso é pensar em plena época de nazismo na Alemanha dizer para uma pessoa judia que era ela só se esforçar que tinha as mesmas chances de uma não-judia. Hoje em dia não é tão extremo, mas existe uma infinidade de razões complexas (resumidas com palavras como “machismo” e “racismo”), que cria esse ambiente onde as pessoas não são tratadas de maneira igual. E se não é igual, não é um sistema baseado apenas em mérito.
Nesse caso, defender o mérito é dar suporte a um sistema desigual. E, sabe, você tem essa opção. Mas não pode argumentar que isso é igualdade e justiça.
Muito bom! Falei justamente sobre discriminação salarial no meu último post, se quiser ver mais vídeos relacionados ao assunto: https://verborragiacasual.wordpress.com/2015/04/27/discriminacao-salarial/
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