Minha resenha oficial do filme: http://www.conversacult.com.br/2015/05/mad-max-estrada-da-furia-e-o-que-e-isso.html
Aqui são uns comentários extras que não deu pra encaixar e tem spoiler
Coisas de Mad Max: Fury Road:
1- Por que só tem uma pessoa negra? (e pra constar, as mulheres que eles encontram no fim, pelo menos a principal delas mais nova é descendente Maori) (mas ainda) (por que tanta gente branca?)
2- Por que Furiosa não salva as garotas gordas?
3- Por que nós temos 2 homens principais pra uma mulher? (tem aquele monte de garota, mas ela nem chegam perto de serem desenvolvidas como o Nux. Elas lutam contra serem objetos e todas são desenvolvidas com capacidade própria, mas no fim do dia não passam de objetos-exemplos: “tipo” de mulheres sem personalidade e profundidade)
4- Isso é mais um problema de falta de representatividade do que do filme: O tema das mulheres ser “questão de mulher”. É o relativo do filme de representatividade LGBT+ que só fala do drama de sair do armário, mas não mostra como uma pessoa normal que tem outros interesses não-baseados no seu gênero. (tipo lutar contra um sistema autoritário, porque é autoritário). Esse meu exemplo aqui é mais um alerta. Muito legal falar disso no filme, importante continuar questionando, mas por favor vamos lembrar que você pode ter filmes de ação com mulheres fodas que… sei lá, elas só estão fugindo, são presas e acabam salvando um grupo de pessoas aleatórias que tá tentando fugir também e através disso encontra a própria redenção.
5- Moça branca salvadora dos selvagens. O que é aquela cena de deixando “os pobres” subirem? Basicamente, a mulher branca modelo conquistou a própria liberdade – e salvou todo o pessoal que tá pior junto. Mas bônus por terminar com a cara da Charlize Theron destruída. Eles conseguiram deixa-la a badass mais feia para os padrões de Hollywood possível.
6- Mesmo as mulheres que elas encontram no final – a maioria praticamente morre pra o grupo de garotas bonitas e novas e modelos serem salvas?
7-De primeira eu pensei que o Nux e a garota ruiva tinham uma “chama” de romance, mas aí depois pensei que é praticamente a minha hetero-lens em ação. Se ele fosse outra mulher, ou ela um homem, a maioria das pessoas não veria o que aconteceu como um romance. (e se ver – Furiosa e aquela outra mulher quando se encontram. Nux e o cara da boca rasgada. Aquelas garotas ali todas se pegam. etc etc etc) E eu acho ainda mais legal uma leitura da relação dos dois que não envolve nenhum tipo de atração sexual ou romance, porque tirando isso do caminho fica mais fácil ver o que aconteceu ali: empatia. Segundas chances. Apesar de Mad Max ser um filme violento, não é esse o tipo de mundo que as personagens estão buscando, principalmente aquelas garotas. Elas não querem matar. E eu não vejo por que ela partiria pra agressão vendo ele acuado do jeito que tava. Verdade seja dita, ela deu um tratamento Korra nele e deu a chance dele repensar o que estava fazendo. No meio de tudo o que aconteceu, é legal ver um desenvolvimento pacífico acontecer e ser aceito. Sem falar que o tratamento dado ao momento mostra que a garota como esperta.
Dito isso, gostei bastante do filme. Tipo quando nós pensamos que uma delas tá sendo idiota e se entregando pra o homem salvador, mas na verdade tá fazendo isso pra dar uma mão pra Furiosa (mulheres unidas trabalhando juntas!). Se juntar esse exemplo com o da garota ruiva, dois casos em que eu pensei que ela simplesmente seriam idiotas e fui surpreendida por dar certo, dá pra dizer que a história me fez repensar meus próprios preconceitos e, também, como os filmes têm mostrado as personagens mulheres até aqui. É tantas vezes elas fazendo merda pra ser salva pelo herói que meu cérebro já espera que isso aconteça. E não. Mad Max as coloca no controle.
A minha parte preferida é a da garota pendurada na porta. Em breve quero escrever pra o ConversaCult sobre o direito da mulher de morrer. Mas por agora vou apenas dizer que essa cena representa o melhor do filme: mulheres plenamente consciente de como seu corpo é visto da sociedade, indignadas e lutando contra isso, enquanto também provam que são donas de si. O olhar desafiador da atriz também torna tudo melhor. Essa cena grita EU SOU DONA DO MEU CORPO E TENHO PLENA CAPACIDADE DE ESCOLHER O QUE EU QUERO FAZER COM ELE.
E essa é a mensagem do filme.
Só tinha esses detalhes que eu quis mostrar, e não tinha o que fazer. A gente pode gostar, algo pode ser bom e ainda reconhecer que poderia ser melhor. Mas, shhh, não conta pra ninguém. Vamos deixar só a fama boa se espalhar. Nós meio que precisamos disso. É bom que não tenham medo de fazer filmes com mulheres. E, pelas perguntas idiotas que o elenco tá recebendo, nós precisamos de mais deles.