eu assisti uma série ruim aí que um povo invadia a terra do outro, aí o personagem principal desse povo era um cara negro “pacifista” que discordava da “selvageria” do próprio povo
aí eu tava pensando aqui na versão não colonialista/salvador branco da história, em que ele ainda discordaria do próprio povo, porque o objetivo não é justificar violência, mas teria um entendimento maior do que tá acontecendo
e isso me levou a esse pensamento:
a questão não é justificar violência.
a questão é que na série o povo invasor é tão violento quanto o povo nativo, SÓ QUE 1) a gente não vê assim 2) ninguém do povo invasor fica se julgando e criticando 3) a violêncio do povo invasor é justificada.
Ou seja, a série já justifica violência. Mas pra gente assistindo sem pensar não parece que tá dando suporte a violência, porque como a história é contada da perspectiva do invasor, tem duas coisas em jogo.
1) o fato de que a gente aprende por que eles fazem algo. A gente vê a violência deles como “não teve alternativa” ou eles fizeram porque são bonzinhos e estavam tentando ajudar!!! Seja como for, a gente acompanha melhor o processo deles até a violência, enquanto o povo nativo não tem o mesmo privilégio.
2) o fato de que, por eles serem protagonistas, a história é montada pra gente se importar com ELES. Eles são humanizados. Os outros não.
Ou seja, em uma guerra, se um ser humano ataca um monstro, e um monstro ataca o ser humano, quem você vê como errado?
Quando um dos protagonistas está perto de morrer, a gente sente, a gente se importa, a gente fica puto com quem tá ameaçando a vida dele (normalmente um nativo).
Agora, quando o povo nativo está perto de morrer, a gente não sente nem metade. A gente não sabe como é. A gente não tem nenhuma perda emocional.
O ponto final é que sendo uma história de povo invasor vs. povo nativo, em que os escritores decidem dar protagonismo ao povo invasor enquanto desumaniza o nativo, isso dá peso à mentalidade colonialista.
e acho que eu só tava reparando como a justificativa pra violência é construída através da desumanização de um grupo