Algumas coisas pra ver:
Maioria dessas só se aplica a pessoa bi http://www.conversacult.com.br/2015/10/20-ideias-erradas-sobre-bissexuais.html
Aqui mostra como pessoas bi sofrem impactos psicológicos mais severos http://www.autostraddle.com/bisexual-health-is-the-worst-of-the-lgbq-community-and-this-month-we-need-to-talk-about-it-226993/
Eu acho que a discussão já podia parar no momento que os dados são a prova real de que por alguma razão a comunidade bi tá sofrendo de um jeito que a homo não tá. Isso é mais do que prova de que existe um tipo específico de opressão sofrida por essa comunidade.
Se você procurar vai encontrar outros estudos. Bissexuais, toda vez que se mostram numa relação de mesmo gênero ou não sendo hétero, sofrem preconceitos/ódio do mesmo tipo que as pessoas homo. Mas existe toda uma segunda parte tóxica que afeta especificamente essa comunidade. Se é algo que te deixa desconfortável pra ser quem você é, se tá impedindo as pessoas de se entenderem e tendo impacto psicológico profundo, não é “só um desconforto”. E a desvalidação dessa realidade em si é uma narrativa bifóbica.
O que acontece é que muita gente pensa que a opressão só é “importante” quando é violência direta, enquanto não é (apesar de que nem isso é argumento, porque já me mandaram relatos sobre sofrerem bullying direto por falarem que são bi, tanto na comunidade LGBT+ e fora). E enquanto pessoas homo costumam criar os próprios lugares seguros, as pessoas bi acabam sendo excluídas dos 2 ou correndo risco nos 2 espaços.
um obs sobre formas de opressão indiretas: é só fazer um paralelo com a situação da mulher, aqui no Brasil nenhuma mulher é espancada porque nasceu ou ninguém vai falar “sai daqui que você é mulher” ou “odeio porque você é mulher”, mas existe um monte de narrativas culturais machistas que continuam oprimindo a mulher. e isso é tóxico. do mesmo modo que um filho que “nunca sofreu preconceito”, mas não pode levar o namorado pra casa (enquanto poderia levar se fosse uma namorada), continua vivendo em uma situação tóxica. e isso pode não ser a causa direta de violência física ou um dano maior, mas é o contexto que permite esse tipo de coisa acontecer.
Dizer que bifobia não existe, pra um bissexual, é dizer que “qualquer coisa que te afeta que não esteja incluída na homofobia, você deve ignorar. a sua dor não é válida o bastante”, ainda entra aquele jogo de minoria de “a minha dor é maior que é sua!!!”. Isso não é uma olimpíadas da opressão, ou não deveria ser.
Sem falar que, quem se beneficia de dizer que bifobia não existe? Os bissexuais é que não, com certeza, porque impede eles de terem a própria voz no movimento e de questões específicas da realidade bi (ou até pan) serem abordadas. Aliás, dentro da comunidade bi ainda existe especificações, tipo a diferença como mulheres e homens bi são tratados. A tal ponto de que eu tive que escrever um segundo texto só sobre homens bi: http://www.conversacult.com.br/2015/10/por-que-parece-que-existem-menos-homens.html
Também é meio irônico como, quando você procura comunidades bissexuais e bissexuais militantes, a maioria deles vão afirmar que bifobia existe e desabafar sobre como sofrem opressão vinda dos dois lados. Então de onde tá vindo isso de que bifobia não existe? Quem tá apagando a voz desse grupo?
Eu não sei quem, mas eu sei que o mito de que a bifobia não existe é uma das coisas tóxicas que a apaga a realidade bissexual.
Aqui outros textos:
http://www.bisides.com/2016/03/03/porque-bifobia-e-estrutural/
http://www.huffingtonpost.com/neil-endicott/biphobia-is-a-destructive-force-in-our-community_b_7965970.html
http://www.bisexualindex.org.uk/index.php/biphobia
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