Agora tudo é machismo? Agora tudo é racismo? Agora tudo é uma “guerra dos sexos”?
Hm… sim?
Acho que o que falta de maneira geral pra gente é a consciência de como a nossa sociedade e cultura são montados. Racismo não é só quando eu falo uma merda um dia na minha vida, eu vivo em uma cultura onde racismo é visto como algo normal.
Tá fazendo sentido?
Ontem por acaso eu tava sem o que fazer no McDonalds e li o papelzinho da bandeja. Tinha 55 personagens. 11 não eram brancos. Desses 11, a maioria eram negros, alguns asiáticos (de mais de um tipo), um homem com máscara de luta-livre latina e um com chapéu de cangaceiro. 11 não é nem metade de 55.
Veja os filmes no cinema agora e vê quantos são protagonizados por pessoas que não são brancas.
Quantos dos seus filmes preferidos são protagonizados por pessoas que não são brancas e mulheres?
Vai em uma banca e vê quantas revistas têm pessoas que não são brancas na capa.
Não é algo inventado – é um dado comprovado que mulheres recebem menos do que homem por fazer o mesmo trabalho.
Todos esses exemplos significam isso: no mundo em que vivemos as pessoas não são tratadas com igualdade.
Então tudo é machismo?
Sim.
Esse vídeo em inglês que mostra coisas básicas que pessoas brancas acham normal, mas não são pra os outros:
Pra ter noção, quando um filme é lançado, eu não analiso se ele é machista ou racista. Ele é. Mesmo quando a pessoa é atenta e quer fazer uma mudança (90% dos blockbusters de Hollywood, pois é), ainda assim deixa passar muita coisa. Não porque ela quer ser racista ou machista, mas porque ela cresceu em uma cultura que a ensina enxergar o mundo dessa perspectiva. E achar que é normal.
São poucas as histórias que eu consigo pensar que fazem algo diferente. Orange Is The New Black é a única que eu posso dizer que consegue reverter isso anos-luz na frente do resto. The 100 e The Legend of Korra também, principalmente quando vê as séries como um todo. E, dos que eu conheço, só.
Essas são as histórias que dá pra assistir com a cabeça fora da água. (na questão da mulher) (às vezes parece que temos um caminho maior ainda pra lidar com o racismo, apesar de que ambos enfrentam problemas diferentes)
Então se você vai de boa ver um filme no cinema… ele é machista e racista.
Isso não é nenhuma novidade.
Isso não é agora. É o tempo todo, mesmo que eu, você ou a Pessoinha só tenha percebido hoje.
(além disso: só porque antes você não sabia e falou outras coisas, não desvalida o fato de que você aprender a pensar diferente)
“Agora é guerra dos sexos?”
Eu não uso sexo pra falar de gênero. Então: é uma guerra de gêneros?
Depende. Se você entende como “guerra de gêneros” eu reconhecer o machismo em uma história, mostrar como ele acontece e querer que eu, como mulher, seja tratada como pessoa. SIM.
Mas realmente… não.
Quando alguém tá mostrando que algo é machista ou racista reduzir como “é uma guerra dos gêneros” é uma forma de desvalidar. Eu sei que é chato quando gostamos de algo e alguém mostra que não é perfeito como queremos acreditar. Eu gosto muito intensamente das coisas que eu gosto, e quando compartilho sobre elas não gosto de ouvir nenhuma rejeição. Mas isso não muda o fato de que elas têm problemas e eu posso conversar sobre elas.
A “guerra” começa quando você tenta desvalidar o que a pessoa diz (e, consequentemente, roubar seu direito de voz).
E não é censura mostrar as coisas. Censura seria se eu fosse lá e proibisse de acontecer, o que eu não tenho o poder pra fazer. E, mais do que isso, eu não acredito que a maioria das pessoas queiram ser machistas ou racistas, e escrever sobre isso é uma chance de mostrar como podemos ser diferente.
Mais do que tudo, não é sobre os outros. É sobre nós mesmos. O racismo, machismo, etc, não é um inimigo do mal assombrando pessoas por aí. Ele está na forma como nós mesmos vemos o mundo. E, pelo menos eu (porque eu não posso falar por mais ninguém), quero aprender a tratar pessoas como gente.
Adorei ‘ain, o mundo tá ficando chato…’ toda vez que apontamos racismo ou machismo, principalmente na mídia.
Eu percebo que a preocupação dessa galera é ter seu filme, sua série favorita ‘estragada’ pela ‘patrulha malvada do politicamente correto’ . Refletir, cobrar ninguém quer… eu sinto um desânimo ás vezes, mas senão apontarmos o que tem que ser mudado, quem vai?
Outra coisa é que acho tão hipócrita dizer que feministas fazem guerrinha dos sexos, quando o mundo promove uma verdadeira guerra contra as mulheres, em diversos níveis e culturas. Enfim, é exatamente como vc falou, não é sobre os outros, é sobre nós. 🙂
LikeLike
Quase esqueci, o video, meu deus que achado! (eu adoro seus posts sobre Arrow, ia comentar uma vez mas a net caiu e perdi tudo, mas vou escrever de novo e postar s2)
LikeLike
por favor, poste!!!! muito obrigada pelos seus comentários ❤
tipo, eu percebi que isso é meio comum. é "permitido" você discordar de alguém. mas você discordar da pessoa que discorda: você tá sendo chato.
você comentar que tem machismo numa história: você tá sendo chato.
fazer 20 com super-heróis homens? TUDO BEM. eu comentar que quero um com mulher e mostrar que só não existe um por causa de machismo? eu sou tão chata!!!
é muito double standard.
tem gente que faz guerra, mas: normalmente quem transforma em guerra é quem vê como "ataque" a crítica.
LikeLike