Bem, eu tava com dificuldade de dormi, vi uma foto e decidi escrever sobre, acabou sendo uma discussão analisando séries, privilégio e a nossa percepção de qualidade. Aproveite.
Deve fazer uma década que eu sei o que são séries e assisti algumas inteiras, mas só ano passado mesmo (2014) eu comecei a acompanhar séries de verdade. Eu sempre assisti série meio que fora da realidade. A primeira a marcar minha vida foi Skins – uma série britânica alternativa que só parecia existir na internet. Nem isso. Quando eu comecei a assistir a primeira geração (2ª temporada) acabava de terminar, mas minha desconexão com o fandom era tamanha que eu assisti com a impressão de que era algo antigo de outra era. Só recentemente eu me dei conta de que assisti quando a série lançou!!! Em outras palavras, eu assisti Skins como se fosse alguém conhecendo Gilmore Girls só agora, mas na verdade era como se fosse alguém assistindo Sense8 esse mês. Faz sentido? Espero que sim.
E daí tudo isso? E daí que eu comecei a aprender sobre como séries são divulgadas e como isso é tããão injusto. Vamos devagar.
Por muito tempo eu assisti séries no meu próprio mundo. É uma sensação engraçada que eu to tendo dificuldade de explicar. Como eu costumo fazer maratonas e tava acostumada a ninguém conhecer nada, eu ficava longe da realidade. Assistir a primeira temporada completa de Orphan Black dava no mesmo que assistir alguma série alternativa muito antiga. Eu vivia distante do funcionamento do calendário anual de séries (eu nem sabia que isso existia). Eu simplesmente maratonava o que tinha, olhava no IMDB quando a próxima temporada terminava, me mantinha longe de informações e pronto.
Era eu, as séries e acabou.
Conforme o tempo passou, eu tive uma aproximação gradual do mundo das séries, mas ainda assim (como eu to descobrindo agora) continuava presa em um “grupo” específico de séries. Como assim? Eu diria que eu me aproximei das séries que podem ser descritas como “underdogs”, “underrated” ou “batalhadoras”, no sentido de que são séries que trazem coisas boas sofrendo para conquistar o próprio lugar e sendo desvalorizadas. As razões são variadas. Você tem The Legend of Korra, que dá quase pra descrever como “lugar errado na hora errada” (é melhor eu nem começar a escrever sobre essa série). Você tem Rookie Blue, que é só uma série canadense com policiais, mas não muito no estilo policial, então passa bem discreta no radar. Você tem Carmilla, uma websérie independente do Canadá. Você tem…
bem, aquelas que começaram na corda bamba, tipo Glee – assim que a série lançou era beem diferente do que é agora, com todas aquelas coisas de “séria que musical vende?”, “os protagonistas não são os modelos europeus tradicionais”, “é uma série adolescente (e tudo que é adolescente é desvalorizado)”… Orphan Black, ficção científica canadense protagonizada por mulher. Aliás, A TATIANA MASLANY FINALMENTE FOI INDICADA AO EMMY! Pra quem tá por fora do #sofrimentodosunderdogs: Parte da importância da nomeação dela não é que é só uma pessoa querida talentosa sendo nomeada, é que ela não foi nomeada antes por preconceito com o tipo de série de Orphan Black. Mas underdog por underdog, todos nós sabemos que a Viola Davis ganhar foi MUITO importante. Acho que esse Emmy é uma situação que nós ganhamos muito. Mas de volta aos underdogs…
Então 90% do meu envolvimento com séries (fora assistir) se resumia a participar do esforço pra fazer a série ser reconhecida (e ganhar novas temporadas). Quando eu comecei a acompanhar de verdade uma série – Faking It ano passado -, foi obviamente isso que eu fiz. Até quase o final da primeira temporada não sabíamos se teria mais. EU ESTAVA LOUCA MALUCA VICIADA MORRENDO E PRECISAVA MAIS. Bons tempos de powerpoints no tumblr que o fandom explicava por que as pessoas deveriam assistir Faking It. Aí confirmaram segunda temporada, segunda temporada B, terceira temporada, sei lá mais o que… e eu não vou comentar mais sobre essa série.
O que importa é que daí veio Carmilla, nova temporada de The Legend of Korra, The 100 e eu to há tanto tempo no mundo das séries que eu nem sei mais como tá o dia lá fora.
Aí esse ano eu coloquei as 3 ou 4 últimas temporadas de Game of Thrones em dia. Foi até um pulo interessante. Eu maratonei a primeira temporada (e a segunda? não lembro direito). Só sei que passaram anos e eu assisti o resto agora. (infelizmente, tive o desprazer de acompanhar semana a semana a S5)
E agora eu comeceu a assistir Fear The Walking Dead, por causa da atriz de The 100 que é uma das protagonistas.
Isso foi meio que um choque.
Não, isso foi um choque enorme.
Toda essa história significa que eu tive tempo pra acompanhar surgimento de diversas séries de diversos “canais” e tipos. Mas nada me preparou para o choque de acompanhar Fear The Walking Dead.
Como assim??????????
Então… eu assisti Game of Thrones pouco depois de The 100.
Aí eu assisti Demolidor depois de ver Arrow.
E eu assisti How to Get Away With Murder depois de ver Faking It.
E eu vi a mesma atriz de The 100 em Fear The Walking Dead.
O choque é que o mundo não é justo. Nem um pouco justo. A vontade de escrever é porque eu não sei se nós temos muita consciência disso. Tô dando tanto tilt aqui que eu nem sei por onde começar.
Acho que a injustiça vem em 2 níveis. O primeiro é qualidade. Você já assistiu Game of Thrones? Trilha sonora fenomenal. Figurinos e cenários muuuuito bons. As imagens são incríveis. Tem um episódio na 5ª temporada que tá nevando e a coloração de tudo é um tom branco pálido, a Sansa com o cabelo vermelho em contraste com o castelo gelado. É puro pornô para os olhos. Aquilo ali não é uma série. É um filme foda tipo Harry Potter cortado em pedaços. Você simplesmente não encontra nenhuma história de fantasia live-action com essa qualidade hoje em dia (se é que tem outra).
E How to Get Away With Murder? Eu quase tive um colapso assistindo o primeiro episódio. A imagem é tão limpa e bem cuidado que parece um full-hd. É tudo tão perfeito que a vontade é de abraçar a tela. O ritmo da série é intenso, rápido, bem feito. Os personagens entram no lugar certo na hora certa. Você tem tipo a Viola Davis que é tipo uma deusa mandada pelos anjos para fazer o papel do capeta poderosa entre os meros mortais. (em outras palavras, ela é uma atriz poderosa marcada de filmes fazendo uma série) Eu não tenho palavras pra descrever o quão perfeita a produção dessa série é.
Aí vem Demolidor. O cara musculoso parado numa posição máscula com expressão séria em um cenário escuro com uma luz amarela de fundo. Muda para uma cena que dura três anos do vilão, com terno impecável, careca, ao lado de uma mulher de vestido branco, em frente a uma parede de vidro mostrando a cidade – uma cena programada em detalhes. A posição do corpo dela, a mão dele, a luz no fundo, a simbologia. (ou não, mas) É uma série que tá lá o vuco vuco de gente levando porrada que não dá pra entender nada, mas tá lindo. Tá tudo lindo.
(eu fiz a descrição da imagem antes mesmo de escolher, foi só escrever daredevil no google que isso apareceu)
Então Fear The Walking Dead. Podia cortar as cenas com os atores que eu assistia mesmo assim. No último episódio que eu assisti o carro dos personagens vem andando e as luzes da cidade vão apagando ao lado deles. Você tem cortes dramáticos, a personagem olhando para o horizonte com fone de ouvido. As pessoas andando na rua. E eu vou usar esse momento para dizer o quanto eu AMO o uso do grafite na série (grafite, pichação, paredes marcadas de tinta), porque é um símbolo muito bom de marcas da civilização, decaimento, marginalização e o foco da série é bastante em como você tem o mundo perfeito destruído. Pichação nas ruas é o símbolo mais evidente de um mundo escondido que você não quer acreditar. Ok, vou parar por aqui. Eu só sei que é lindo. Repare que eu só estou falando da PAREDE LÁ LONGE NO FUNDO DA CENA. IMAGINE O RESTO.
“É como se você tivesse assistindo um filme…” é a impressão que eu tenho com essas séries. E isso é bem verdade, com a valorização recente das séries elas estão recebendo investimento de filme. Se você está por fora, é só que normalmente é difícil você poder investir em qualidade de uma série. Pensa só o quanto você gasta pra fazer um filme do Harry Potter. Em uma série de 20 episódios é como fazer 10 deles. E acho que a arrecadação é bem diferente… Ultimamente as séries têm ganhado mais um formato de filme longo do que de novela episódica. Verdade seja dita, muitos desses são filmes longos, principalmente os do Netflix. Enfim, é uma produção incomparável.
A diferença de qualidade é brutal. E não digo nem qualidade de história, isso é o de menos. É a qualidade que você sente. Não quero dizer que é uma questão de embalagem bem feita, porque seria como julgar um filme como se fosse um livro – e não é. São formas de arte diferente. As cores bonitas de Demolidor não são o relativo da capa de um livro, as cores são parte da história. Figurino, posição de personagens, etc e etc, faz parte da criação artística e contam tanto pra história quanto a trama de fato.
Acho que a diferença é entre comer no podrão da esquina ou num “Fry’s”
E aí você chega na outra série e:
No fim das contas o do podrão pode ser muuito mais gostoso (e costuma ser. além de mais barato e servido a seu gosto), mas o outro >parece< melhor.
Aí não basta esse diferencial, tem a segunda parte: divulgação. A Alycia Debnam-Carey, atriz de The 100 que tá fazendo Fear The Walking Dead, tá começando agora e mesmo com a fama da personagem dela em The 100 (dentro do fandom é alta…), ela foi de 0 a 100 em meio segundo depois da estreia da nova série. Não entre quem assiste em si (pessoal nem teve tempo de assistir!!1) – entre a mídia. Foi fazer entrevista em mil programas nos EUA. Sites grandes estão lançando conteúdo (de qualidade impecável) sobre ela também. Eu suspeitei que já tinha algo quando ela recebeu o certificado de “verificado” do instagram enquanto outros de The 100 não tem. Basicamente, eles têm uma equipe de comunicação incrível que tá espalhando a série por todo lugar.
Tipo, Fear The Walking Dead tá no 4º episódio ainda, e já tá em toda revista desde fofoca até de negócios (pelo menos nos EUA). Eles fazem festa especial de lançamento. Eles fizeram um painel próprio grande na Comic Con. Eles fizeram instalação especial sobre a série. Eu tava acostumada com um mundo que os atores não tem dinheiro nem pra comprar pão na esquina.
Eu sei que Fear The Walking Dead é um spin-off de The Walking Dead e basicamente tá sambando na fama alheia, mas isso está longe de ser a questão aqui. Absolutamente tudo que é lançado por uma grande empresa (seja livro, filme, hq, série, videogame) está automaticamente sambando em fama alheia, se você pensar.
A questão é que a distribuição disso é (adivinhe só) injusta. Ter uma equipe grande de qualidade pra criar uma série como Game of Thrones, por mais que todas as pessoas ali sejam artistas capazes fazendo um trabalho legítimo, não é algo que qualquer um tem acesso. É uma forma de exclusão. É uma porta fechada “não, você não entra aqui. vlw flw”. Ter uma equipe de comunicação, os contatos certos e o poder pra ser ouvido por um grande jornal, isso também é um privilégio de um grupo específico.
E… é só que é importante meio que reconhecer isso, porque no fim do dia nós ainda temos o poder de escolher o que acreditar. Em uma metáfora, imagina uma sala cheia de gente com apenas uma pessoa em cima da mesa com um megafone falando. Ela pode falar. Você ainda tem a opção de entender que você está ouvindo ela porque ela está ali em cima com ajuda do megafone, não porque ela é a certa. Você ainda tem a opção de tentar ouvir o que as outras pessoas estão dizendo ao redor.
Nesse caso específico das séries, no fim do dia vai ter o que a audiência assistir (ou quase isso*). Então séries sem tantas coisas assim podem ter mais chance de no futuro conseguir investimentos melhores por causa da gente. Assistir e falar na internet sobre uma série é uma forma de votar no que existe.
*Ou nem tanto, né? Netflix é uma prova disso. A realidade é que é basicamente VOCÊ PODE ASSISTIR O QUE QUISER (dentro dessas opções aqui). O grupo que tem o controle, as grandes empresas com mais recursos, eles decidem o que vai ter. Só de ter uma empresa como a Netflix liderada por um grupo diferente tendo os mesmos recursos e investindo sério já temos uma diferença gritante no que é produzido. Repara como pode coexistir grupos diferentes produzindo conteúdos diferentes.
Aí é que chegamos na maior parte do problema desse sistema, que é basicamente a questão de privilégio e um grupo apenas com direito de voz. No fim das contas, essa é uma conversa sobre privilégio. Eu estou falando de séries, mas poderia muito bem estar falando de acesso a ensino e direitos humanos.
O que me irrita é que na mídia eles lançam ESSA SÉRIE É IMPORTANTE E BOA. E as pessoas: é, essa série é boa mesmo!! Provavelmente é. Ou provavelmente é uma merda que promove a cultura de estupro tipo Game of Thrones ou que a história é um clichê batido, mas parece que tem um ar de certo sobre ela. E aí tem um milhão de outras séries com histórias novas, pontos de vistas diferentes, ou… bem, coisas que são melhores de diversas formas*, mas que são ignoradas porque não tem esse suporte da mídia ou de qualidade. E normalmente são trabalhos que têm perspectivas de minorias.
*Falando de maneira bem geral, porque cada série tem suas particularidades e não dá pra dizer 100%. Mas a Tatiana Maslany é um exemplo de que tem muuuita coisa boa por aí sendo ignorada.
Sabe, acho que esse é muito do conflito com apropriação cultural. O pessoal de certa cultura tá ali há um tempão como uma série pequena fazendo algo, aí chega o grupo privilegiado (as séries que tem recursos) imitando E DE REPENTE SE TORNOU LEGAL E OK E GENIAL. Isso me lembrou que eu vi em algum lugar sobre apropriação cultural dizendo “você aprecia a cultura, mas não as pessoas”.
Faz mais de 60 anos que o Emmy existe e a Viola Davis foi a primeira mulher negra a ganhar como Melhor Atriz. No discurso ela disse:
“A única coisa que separa a mulher de cor de qualquer outra pessoa é oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papeis que não existem.”
Traduzindo para o assunto do post… A única coisa que separa algumas histórias de terem o valor reconhecido como outras é a oportunidade. E reconhecer essa situação de privilégio de algumas séries é o primeiro passo. Nós que escrevermos publicamente na internet mesmo que em tweets pequenos; Nós que conversamos com nossos amigos sobre as coisas que gostamos; Nós temos o poder de mudar a perspectiva. Nós temos o poder de escolher o que falamos de uma série. Nós temos o poder de escolher o que mostramos.
Alguns exemplos, na época que Faking It fez um episódio merda (*respira fundo*) com estereótipos do Brasil tinha gente que nem tinha assistido (!) a série falando coisa ruim. Agora mesmo, que eu decidi parar de assistir por enquanto e sou atacada por impulsos de escrever falando mal, eu escolho não fazer. Porque independente dessas coisas, é uma série que deu um salto na representatividade LGBT+, eles fizeram coisas muito boas como mostrar uma personagem intersexo (e dar espaço na mídia pra um grupo de ativistas formado por pessoas intersexo).
O Paulo uma vez no CC fez um post sobre “histórias que eu gostaria que existissem” e ele falou que queria uma história high school comum como qualquer outra com personagens LGBT+. Sabe, toda essas histórias clichês comum de adolescentes? O novo filmezinho romance água com áçucar. Se você coloca um casal de mesmo gênero se torna REVOLUCIONÁRIO porque não existe algo assim. E Faking It traz bastante disso. A série torna ser LGBT+ algo tão cotidiano que depois de assistir uma temporada eu tinha até esquecido que existiam seres humanos que pensavam que dois garotos se apaixonando era algo além de muito fofo. E falar mal da série por falar é uma ameaça a Faking It – que pode ser cancelada. É uma ameaça ao futuro da representatividade LGBT+, porque com minorias é assim: um deu errado não é nem por causa da trama ruim, é porque aquilo não vende nunca vai vender e é melhor nunca mais fazer.
No caso de The 100 mesmo, ultimamente se tornou comum falar que é uma série racista. Análise saudável tudo bem, mas o negócio saiu de controle, porque tá correndo risco de virar de fato uma série marcada pelo “racismo” (ainda vou escrever uma análise do assunto) e, tipo, Orphan Black é racista, mil vezes mais racista que The 100. Game of Thrones é racista pra caralho. The Walking Dead e Fear The Walking Dead são racistas. Se você for fazer uma lista de séries e dividir entre as racistas e não racistas, é capaz de The 100 aparecer no topo entre as que tem melhor representatividade. A diferença é que se a série se torna famosa por isso, ela corre risco de ser cancelada e perdemos uma das poucas histórias atuais voltadas pra ação com protagonismo feminino, que trata mulher como pessoas, que tem um elenco diverso (muito além do token black friend) e representatividade LGBT+.
Agora Game of Thrones as pessoas tão praticamente indo fazer protesto na frente dos sets contra o estupro de mulheres (poderiam fazer de verdade…) (eles só não são mais racistas porque não tem tantos personagens de outras etnias pra isso) e continua aí com tudo, sem correr tantos riscos e com o senso comum de que é a última coca-cola do deserto. Isso é privilégio.
Espero que você perceba o paralelo disso com muitas situações de desigualdade social. Cantores negros que fizeram o mesmo que brancos e se foderam bem mais. Atrizes que fizeram o mesmo que atores homens e se foderam bem mais. Não era a minha intenção inicial fazer esses paralelos, na verdade eu só vi uma foto dos atores de Fear The Walking Dead numa festa particular pra série e fiquei muito puta, do tipo SERÁ QUE NINGUÉM TÁ VENDO ISSO? SERÁ QUE NINGUÉM TÁ VENDO COMO ALGUMAS SÉRIES TEM UM INVESTIMENTO MUITO MAIOR??? COMO ELES FAZEM PARECER QUE É UM TROÇO MUITO MARAVILHOSO E, MESMO QUE SEJA BOM, É MAIS ALGO TIPO ELES ESTÃO RECEBENDO AS MEDALHAS PORQUE BASICAMENTE COMPRARAM ISSO? ELES TEM O DINHEIRO PRA FAZER A SÉRIE FAMOSA E BEM FALADA. VOCÊS ESTÃO VENDO ISSO? TEM MAIS ALGUÉM VENDO ISSO?
Só que, no fim das contas, acaba que muita coisa é assim e dá pra gente aprender sobre assuntos de mais impacto social do que vendo essa desigualdade entre séries. Dá pra aprender muito sobre privilégio.