Sério, eu não tenho como fazer uma análise como a outra sobre o terceiro episódio, meu cérebro explodiu. É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo!
(ok, acabou não sendo tão surtado)
Se Wanheda Part 1 foi um passeio divertido, e Wanheda Part 2 foi cheio de revelações – Ye Who Enter Here foi destruidor. Foi como assistir o trailer principal da 3ª temporada outra vez, com tanta coisa ao mesmo tempo!
Tipo, de certo modo, foi um episódio simples. Não aconteceu nada que já não tava claro que ia acontecer em termos de história – Lexa ia conseguir fazer Clarke ficar ao seu lado, Bellamy ia arranjar uma razão pra ficar contra os Grounders, a Azgeda ia encontrar uma forma de desafiar a Commander. Que isso ia acontece já tava claro, certo? Já tava até nas teorias que eu fiz pra season 3 de The 100. Mas o que faltava era o como.
Como ia acontecer? Esse episódio é a base pra explicar as motivações na S3, eu imagino.
Pra mim, a maior surpresa no como foi a Lexa no final se ajoelhando pra Clarke, porque WOW. Eu sabia que ela estava disposta, que ela não tinha honra (HAUHAUHA), mas se ajoelhar e praticamente fazer um casamento… eu não esperava que a Lexa ia se deixar ser tão vulnerável pra Clarke. Eu pensava que ia ser mais algo gradual de “vamos ser profissional aqui” e com o tempo através dela relação de Heda vs. Wanheda, Clarke ia rever os sentimentos e se aproximar de Lexa. Mas não, Lexa não está aqui para brincar. Ela toma as rédeas da situação e diz: Clarke, me desculpa, e eu vou fazer o que for necessário por você. Agora faz sentido por que dizem que a Lexa é uma service top. Enfim.
Pensando agora, talvez a minha surpresa com a reação da Lexa seja reflexo de duas coisas. 1) Normalmente nas histórias só o Protagonista parece ter autonomia e determinação, o resto dos personagens trabalham mais reagindo ao que ele faz. Acho que é o clássico “o herói precisa salvar o dia sozinho”, mas em vez de ter uma razão real pra os outros não estarem fazendo, eles simplesmente reduzem a proatividade dos outros personagens. É o clássico “deixa a mulher forte desmaiada, se não ela salva o dia sozinha”. Mas a Lexa é uma personagem secundária que é tratada como protagonista, então ela assume os próprios problemas e resolve também. (faz sentido isso? gostei muito de perceber, dava até um Clube de Escrita. enfim.) 2) Lexa é uma mulher e é gay. Quando é que esse tipo de personagem recebe uma história digna que não envolve sofrer? Aparentemente, em The 100. E ainda assim já estamos todos nos preparando pra hora que vão matar ela.
Então uma cena onde acontece uma coisa boa e com certa facilidade era a última coisa que eu esperava.
Tem um post no tumblr que pergunta “Isso é o paraíso? Não, sério. É assim que é ter personagens mulheres bem escritas, complexas, e é assim que é construir uma relação de m/m incrível de um modo respeitoso e de tirar o ar? É isso que todo mundo tem sempre e agora é a nossa vez? Porque é incrível. Meu deus.”
Eu falo de representatividade, mas agora eu não tenho muito mais certeza se eu sei o poder que é ser representado. “É isso o que todo mundo sempre teve?” Talvez o que tenha acontecido no episódio de ontem não tenha sido nada demais, mas se torna grandioso por causa das pessoas que estão ali.
ENFIM.
A minha segunda surpresa foi a trama da Azgeda. A Rainha de Gelo literalmente tratou todo mundo como uma marionete nesse episódio. E apesar de eu saber que tinha algo sujo ali, eu não tinha imaginado o tamanho. Eu não tinha me dado conta de que eles iam explodir Mount Weather. Eu não tinha percebido que isso resultaria em fazer a Lexa começar a guerra, exatamente como eles desejavam. Eu não tinha percebido que eles queriam a Lexa e a Clarke juntas. Mas por quê? O que eles estão tramando?
Então literalmente o episódio inteiro é resultado de um plano maligno da Rainha de Gelo, só que eu assisti tão focada nos conflitos dos personagens em si (em Polis, a aliança) (em Mount Weather, Bellamy fazendo merda), que eu não percebi.
Isso foi incrível.
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PENSAMENTOS ALEATÓRIOS
Wanheda vs. Heda / Clarke vs. Lexa
No fandom ultimamente os fãs começaram a mostrar que existem duas partes da Lexa, a Commander (Heda) e a garota Lexa. O Jason mesmo disse “tudo o que a Lexa faz é em camadas”, porque apesar dela ser um ser humano (eu acho) com sentimentos próprios, ela assume esse papel de Heda dos 12 clãs (e se a teoria de que a transmissão de espírito da Commander é algo feita através de tecnologia estiver certa, ela ainda tem um 3º papel em jogo que nós não sabemos ainda!). Nem sempre esses papeis se alinham. Mount Weather é um exemplo mesmo. Lexa não queria deixar a Clarke, mas a Commander deixou. No fim do dia, a Commander vence a Lexa, porque… bem, porque ela sabe que isso é o necessário pra a humanidade sobreviver. Pra buscar a paz. Ela não pode simplesmente dar o fora e passar 3 meses escondida no mato.
Aí entra Clarke, que sempre foi Clarke, mas ao longo da segunda temporada e principalmente com Mount Weather, se transformou em Wanheda. Ela é obrigada a voltar não por causa da Clarke, mas por causa de seu papel como Wanheda. Ela está ali como embaixadora por ser a Wanheda. E nesse episódio nós vemos claramente como ela pode ser os dois também.
Clarke está puta com a Lexa? Definitivamente. Mas sabe que a Wanheda se alinhar a Heda é o melhor pra o seu povo? Sim.
Isso é o que torna esse episódio melhor ainda. Porque você tem uma relação em que a Wanheda se ajoelha pra Heda, ao mesmo tempo em que a Clarke não se ajoelha pra Lexa. Por outro lado, você tem a Heda não se ajoelhando pra Wanheda, mas a Lexa se ajoelhando pra Clarke. ISSO NÃO É FODA PRA CARALHO?
*bate na mesa agitadamente*
Simplicidade pra que, se você pode ter uma relação entre 2 personagens com mais de uma camada.
CAMADAS
Aliás, a própria série brinca com isso. Você repara que na cena da Clarke ajoelhando, é na frente de todo mundo, a da Lexa é num espaço privado. (a relação delas sempre foi assim) (na frente de todo mundo LEXA É A COMMANDER MÁXIMA, CLARKE SHOF OP. Dentro de 4 paredes Lexa se transforma e Clarke praticamente domina a situação)
Mas também tem a questão de Bellamy nos túneis vs. elas no alto da torre. Pensa só, conspiração é algo que acontece por baixo do tapete, e em cena eles estão LITERALMENTE embaixo do “tapete”. E é legal como as cenas acontecem ao mesmo tempo, porque mostra que apesar de politicamente estar acontecendo toda aquela representação de aliança, existe muito conflito nos bastidores.
USO DE MOUNT WEATHER
FINALMENTE ALGUÉM FEZ O QUE TINHA QUE FAZER E TIROU ESSA MONTANHA DO MAPA. HUAHUAHUAH Mas foi ruim. Primeiro já começa com Pike sendo um babaca e não dando a mínima para o histórico problemático dos grounders com a montanha. Eu sou muito Octavia naquela cena. Mas nem é isso que eu ia falar.
No post sobre o segundo episódio eu acho que disse que me surpreendi com a forma como eles estão usando Mount Weather nessa temporada. Eu tinha imaginado que ia ser só o óbvio, tipo, “ok, eles foram derrotados, vamos usar os recursos que eles tem”, mas wow. Eles foram além e pensaram no significado disso no contexto histórico da montanha com os grounders. E é verdade, né? O skaikru vai simplesmente invadir? Eles já invadiram o território da Trikru, vão fazer isso na Montanha também? eles são conquistadores agora? a gente deve ter medo dele?
E eu gosto que, em parte, a Azgeda deu o tapa na cara que eles mereciam. E fiquei surpresa que eles resolveram o troço da montanha tão rápido. Isso é o que eu gosto em The 100: sem enrolação.
LEXA “MANIPULADORA”
Às vezes eu vejo falarem que a Lexa é manipuladora, e eu fico tipo: ?????????
É, ela é uma estrategista, ela faz coisas ruins, ela conseguiu unir 12 clãs e acabar com a guerra. Até mesmo que pra proteger Clarke e unir os 13 clãs ela tenha acabado voltando pra guerra, se ela vencer, ela vai estar em uma posição melhor ainda. Vai acabar com a ameaça da Rainha de Gelo de vez, vai ter aliados preciosos como o Skaikru (que inúmeras vezes já se mostraram bons em trazer coisas novas). Mas ela sempre deixa opção?
Tipo, e você queria que a Clarke fizesse o que?
“ok, valeu, vou pra casa” *vai embora* *deixa o povo dela desprotegido basicamente na borda de um império de 12 clãs* *deixa o povo dela desprotegido contra um exército gigante da Azgeda* Arkadia não existe no vácuo, e mais cedo ou mais tarde eles vão se encontrar. Por que isso pra casa se ela pode ficar ali quando ela tem diretamente uma conexão com a líder geral pra tratar da vontade de seu povo? E mais do que isso, como eu falo mais pra o final nesse texto, isso vai contra a forma que a Clarke lida com as coisas.
Se dependesse da Clarke, todo mundo viveria em harmonia e em paz, a merda é que algumas pessoas criam desconfiança e colocam o próprio povo acima dos outros. E Clarke já fez isso e viu o que aconteceu. Então por que ela insistiria em criar mais inimizade e desconfiança?
Acho que o que faz a Clarke ser Clarke (e ela fala isso pra Lexa depois da merda em Tondc) é que ela arrisca ser vulnerável e confiar. Ela não é babaca – repara em como na S1 quando o Finn arranjou a reunião com a Anya, ela levou armas escondido -, mas não quer dizer que ela vá deixar de tentar fazer o melhor possível. Quer dizer, se a Clarke acreditar que não tem esperança, o que ela é? Eu não sei se é uma realidade em que ela poderia viver.
Clarke também é inteligente o bastante pra reconhecer a diferença entre Lexa e Commander. Pra reconhecer que algumas coisas você precisa fazer por imagem. (a conversa que ela tem com o Kane e a Abby nesse episódio é crucial pra isso. mostra como ela tá por dentro de coisas que nem a Abby tá vendo) Ela sabe reconhecer que tá com raiva. E também sabe reconhecer que mesmo com raiva da Lexa, a Lexa não queria ter deixado pra trás. Também sabe reconhecer que a Lexa a deixou mesmo assim, porque a prioridade dela é ser Commander.
Não é uma decisão fácil, mas Clarke consegue separar as coisas e ser racional o bastante para ficar ali firme e forte por causa de seu povo.
Em vez de… criar mais guerra.
Mas também parte de mim gostaria que acontecesse alguma merda, tipo: ok, agir é um errado, mas não agir também é o errado. E The 100 já mostrou que faz isso.
DUAS VISÕES
e ontem refletindo sobre isso de verem a Lexa como manipuladora, eu tava percebendo que tem duas formas de enxergar a série. Tipo, quando você não entra 100% hardcore e analisa cada detalhe da série tipo certas pessoas, você assiste a história com base nas suas primeiras impressões. Mais voltada pra forma como você reage aos personagens, mais pra forma como os autores guiam a sua emoção. O perigo do que a Clarke tá fazendo é justamente porque não dá pra ter certeza do que a Lexa vai fazer! Lexa é apresentada como uma personagem que é pra você ter medo. Mesmo que quando você pare pra sentar e ver comece a repensar.
Tem uma cena ótima nesse episódio da Clarke conversando com o Roan, em que ele oferece pra ela a proteção da Rainha Nia, e a Clarke diz praticamente “mas ela é ainda pior que a Lexa”, e o Roan responde “isso é porque você tá conversando com a Lexa”. Ou seja, a Nia parece ruim porque você tá contando a história da perspectiva da Lexa. E, de quebra, a Lexa parece ruim porque a história tá sendo contada da perspectiva do Sky People.
Então acho que quando a gente assiste The 100 julgando quem é certo ou errado (do bem e do mal) (perdoável e não perdoável), a nossa perspectiva é diferente. E eu não tenho nem 100% de certeza de qual é a perspectiva que vai nos levar a tirar conclusões erradas. Estamos completamente na mão dos autores.
Eu sei que eu gostaria de poder assistir tudo uma vez sem tempo pra pensar tanto, e depois reassistir fazendo todas essas análises. Mas uma semana é um tempo muito longo pra simplesmente não pensar.
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surto pós-episódio:
gente, o que que foi esse episódio
eu esperava que fosse ser bom, mas não que fosse ser isso
eu me senti já assistindo final de temporada onde tudo vai acontecer tá tudo acontecendo e woooooooooow
era tanta informação que meu cérebro saiu do ar, eu só conseguiu quase morrer assistindo
mas vamos lá
já começa no diálogo entre a Clarke e a Lexa, que é pra já marretar a gente, onde Lexa faz a proposta a Clarke de transformar o Skaikru no 13º clã da aliança dela, desse modo fazendo paz entre todo o povo na Terra. Ela está tão perto do felizes para sempre!
Mas Clarke não quer apoiar.
E tem outros problemas.
Tipo que ao longo do episódio enquanto Lexa tenta formar a aliança de paz, a Rainha do Gelo está tentando justamente começar uma guerra e ela faz isso usando o Bellamy/Pike.
Jesus. Quanto mais eu sei, menos eu sei.
Porque eu sei que no final a Clarke (+Lexa) vão lidar com a ALIE. Enquanto deve ter Bellamy+Pike vs. Azgeda, que é essa segunda linha. Mas como essas coisas vão se conectar? Tem muita coisa aí que tá faltando.
Acho que a maior parte da conexão entre as duas linhas é o fato de que, hey, a Lexa é a Commander dos grounders. Ela não vai deixar uma guerra acontecer entre o seu povo e ficar de fora…
jesus.
E se for isso que acontecer? Se ela literalmente abandonar seu posto de Commander no meio da guerra pra ir salar a Clarke na City of Lights?
Tem uma coisa:
Nós temos cenas daqueles encontros de líderes onde o Roan luta com a Lexa. Eu pensei que isso era parte da trama da Clarke puta, mas isso já foi resolvido. Então por que? Lexa “começou” uma guerra, por que diabos Nia estaria de boa sentada no trono em plena Polis enquanto Lexa luta contra Roan?
Meus palpites: Não sei como elas vão parar lá, MAS acho que a guerra não vai acontecer agora. Talvez a própria Rainha de Gelo apareça com um acordo. Aliás, Lexa troca uma guerra por um acordo de paz facilmente, né? Talvez elas troquem o Emerson pelo Roan.
Jesus.
O Emerson parece bem vidrado em saber onde a Clarke está e se vingar. E ele a Rainha parecem ter o interesse de colocar Lexa e Clarke juntas em Polis. E se essa troca for parte de uma armação? E se o Emerson for trocado pra tentar matar a Clarke, enquanto outra pessoa tenta matar a Lexa?
*respira fundo*
Eu tô tão triste. Esse episódio a Lexa deu um tiro na própria cabeça. Ela arriscou tanta coisa pra ter a Clarke ali. Pra manter a Clarke viva. Pra provar pra Clarke que ela pode ser confiável. Aquilo não foi apenas um acordo qualquer, foi uma promessa… tipo, tem noção? Só tem duas formas dela quebrar o acordo.
Uma é traindo a Clarke. E se isso acontecer, se ela deixar a Clarke pra trás outra vez, é o fim da relação delas. E isso parece ok, até você perceber o quanto o fim dessa relação destruiria a Lexa. Você viu como ela lidou com o Jaha quando ele colocou uma faca no pescoço dela. Você viu como ela lidou com o cara que se recusou a se ajoelhar. A série deixou bem claro que ela teria mais vantagens até matando a Clarke, porque todo o poder que Clarke tem por ser vista como Wanheda passaria pra Lexa. Lexa seria a Wanheda. Ela não precisaria da Clarke. Acho que a Lexa trair a Clarke outra vez seria abrir mão do resto de humanidade que ela tem.
Em um momento nesse episódio aquele cara da Azgeda que a Lexa chuta pela janela fala “ESSA É A SUA FRAQUEZA OUTRA VEZ” (referência a Costia, que a Azgeda matou pra atingir a Lexa, hey) (e eles tão literalmente ameaçando fazer o mesmo com a Clarke)
A outra é morrendo pela Clarke.
E isso é The 100. E Lexa não é uma personagem principal. E ela é lésbica (Sim, isso conta, porque aparentemente você não pode ser gay e ter um final feliz). Ela também é uma personagem difícil de manter em termos narrativos porque acho que ela tem muito poder??? Quero dizer, ela não é um ser humano comum lidando com coisas cotidianas. Eu não faço ideia do que eles vão fazer em futuras temporadas e onde a Lexa se encaixaria nisso.
(eu ainda querendo que ela deixe de ser commander ;x)
Nesse episódio também tivemos um momento importante, que é ela lutando com o garotinho. Parece que são um grupo de crianças especiais treinadas… talvez pra tomar o lugar como Commander? E o Titus, aquele cara careca, falou que já ficou ao lado de QUATRO COMMANDERS ANTES DA LEXA. QUATRO. E ele parece ser novo. Tipo, quanto tempo de vida um Commander costuma ter? Não muito. Espero que a Lexa seja mesmo especial.
Enfim, eu espero que eles não corram pelo caminho fácil. Espero que ela continue viva. Espero que seja só o meu pessimismo.
abby e kane em polis: MUITO BOM TAMBÉM. e já deu pra ver que vai dar merda, né? Abby está querendo abrir mão do papel de chanceler, Kane diz que quer uma votação, e Pike está chegando com tudo, ainda mais agora que Mount Weather foi explodida e tem um exército Azgeda na porta de casa. Quem vocês acham que vai roubar o poder???
E isso é interessante, porque mostra que eles estão mais próximos do que parece da cultura grounder de que certas coisas são fraquezas. se o sky people der o poder pra o Pike, porque acredita que lutar contra os grounders é a coisa certa, é justamente porque eles não acreditam que a abordagem pacifista do Kane/Abby vai funcionar. Os grounders fazem a mesma coisa quando ficam revoltados pela Lexa não agir violentamente.
E mais: na preview do episódio 4 tem a Clarke falando “meu povo quer justiça”. Sabe quem falou isso? Indra sobre o Finn. The 100 é fdp assim. Porque se a gente acredita que a Lexa deve punir a Azgeda por Mount Weather, a gente tem que acreditar que o Finn deveria ser punido pela Vila (e se bobear mais do que ele, né?) (e naquele caso ele nem tinha razão como a Azgeda tem. o Sky People literalmente quebrou o acordo ao se instalar em Mount Weather).
E é aí que a perfeição de choque de perspectiva da série aparece. Se nós achamos que Azgeda é fdp e deveria ser punida, mas pensamos que o Finn deveria ser salvo e que a Lexa foi cruel pelo sacrifício dele, significa que nós não somos pessoas justas buscando o bem de todos. Significa que nós julgamos a situação de acordo com os nossos próprios interesses.
(e outras coisas mais, mas por hoje é só)
storyline da Raven perfeita. Adorei como ela e Gina deram um tom cotidiano. Eu gosto como eles não estão apagando o passado e aqui e ali citam coisas da vida na Arca. Mas no final: ela não só foi explodida outra vez, como o episódio deixou bem claro que tudo o que a Abby precisava pra fazer a operação na perna dela tava na montanha. Ou seja. Possibilidades de que realmente arranquem a perna dela estão crescendo.
Irmãos Blake também. Octavia fala que não se encaixa em lugar nenhum e no final a Indra a “recebe” outra vez. Mas a Octavia grounder vai rolar? Se no início ela encontra problema com o Skaikru por causa do Pike, no final ela é traída pela grounder Echo. Ela quer se meter nessa guerra onde os dois lados parecem errados?
Agora o Bellamy…
Agora ele está totalmente no team pike. Ele foi traído pela Echo, o que é uma espécie de paralelo com Clarke x Lexa, agora ele pode sentir em primeira mão a traição. E acho que isso marca uma diferença substancial entre Bellamy e Clarke. Tipo, ela foi mandada pra Terra junto com 100 “deliquentes” (criminosos de verdade, enquanto ela foi presa por escanteio pra ser calada), mas isso nunca importou pra ela, porque ela sempre viu todo mundo como o “meu povo” e buscou o bem de geral, mesmo quando era chamada de “princesa” e excluída. Na segunda temporada, ela expande a visão de “meu povo” pra Mount Weather e os Grounders, porque isso é uma coisa sobre a Clarke: ela sabe que todos são humanos e que não tem essa de um valer mais do que o outro. Ela não quer causar nenhum acidente em Mount Weather, ela não quer matar as pessoas ali, ela não quer matar Grounders. Ela não é idiota e não é contra se defender, é claro, mas tirar vidas ou fazer mal só porque é outro povo? Não. De algum modo ela tem essa visão que não trata o outro como “outro”.
E essa é a merda do final da S2. Quando Lexa deixa ela pra trás, Clarke vê que o que enxergava como “nós” não existe. Logo em seguida ela novamente é obrigada a ver o “nós vs. eles”, quado decide que o povo dela vale mais e aperta o botão pra matar as pessoas em Mount Weather. E ela não consegue aceitar isso, no fundo ela sabe que o “eles” também são pessoas e se culpa pelas mortes como se tivesse sido do próprio povo.
Bellamy não sente as coisas do mesmo jeito porque pra ele sempre foi “nós vs. eles”. O que muda pra ele é como ele enxerga o “nós” e só. No início o “nós” é ele e a Octavia, e o “eles” é os líderes-adultos da Arca. Ao longo da primeira temporada, com ajuda da Clarke, o “nós” dele passa a incluir todos os jovens dos 100. Esse é o povo dele. Na segunda temporada isso fica mais forte ainda, quando ele percebe que os interesses de Kane/Abby não são o mesmo que os do 100. Ele vai até Mount Weather salvar o povo dele. Não que ele não saiba que o povo de Mount Weather não sejam seres humanos, nem nada, mas ainda são outros. No fim do dia ele consegue ir pra casa tomar uma bebida e relaxar porque ele vê como certo salvar o nós contra o eles.
Agora, na terceira temporada, as coisas mudam.
O conceito de nós do Bellamy está se expandindo para toda a Arca. E ele não entende direito o que a Clarke está fazendo perdida lá fora. Por que você está abandonando o nós? Você está se transformando no “eles”!
Atualizando com um link que reforça isso:
E Clarke tá só fugindo de tudo, ignorando a realidade, sem conseguir lidar com o que aconteceu, até que é obrigada a encarar. E aí…
Recusar a aliança com a Lexa e voltar para seu povo é criar um nós vs. eles. A Clarke já não consegue dormir normalmente, imagina com isso. É literalmente voltar pra Mount Weather, e ela sabe que vai apertar o botão. Se unir com a Lexa dá a oportunidade dela alcançar um “nós” geral.
Não é muito. Ela ainda tá irritada. Ela ainda não confia na Lexa. Ela ainda tá exausta e machucada. Mas é um começo.
Então, de certo modo, é como se o conflito aqui fosse da visão de nós (seres humanos) com a de nós vs. eles. Bellamy não entende Clarke porque ele não consegue reconhecer os grounders como pessoas de seu povo, ainda mais depois da traição da Echo. E, de certo modo, essa é a própria forma do Bellamy dizer: love is weakness. Ser vulnerável e confiar no outro é uma fraqueza, porque olha só o que acontece!!! E Clarke é movida justamente pelo contrário. Depois de flertar com a possibilidade, ela coloca o pé no chão, encara Lexa e diz que não, confiança e amor não é fraqueza, é o que a faz forte. E ela continua buscando isso.
Lexa é de certo modo peculiar. Porque ela faz os dois ao mesmo tempo. De um lado, ela é #loveisweakness, mata sem pensar, toma decisões difíceis sem acreditar que pode dar certo, abandona pessoas, joga pessoa pela janela. Só que ela usou tudo isso pra unir as pessoas, em vez de separar. E nesse episódio ela vai mais longe ainda: ela escolhe confiar. Ela escolhe ser fraca em nome da Clarke.
Tudo isso é interessante porque se trata de pessoas diferentes se encontrando e se vendo como iguais, e maneira diferentes de que culturas diferentes se tratam, e os conflitos entre ser vulnerável ou não pra se aproximar de alguém.
ENFIM. Vamos em frente.
Tem muita muita coisa pra pensar aqui. E só estamos no 3º episódio.