é uma análise, tem spoilers
Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, também conhecido “Como Treinar Minha Mulher” -nnnn
Sabe qual é a parte curiosa? Eu não sei nem se no final concordo com o parágrafo inicial da minha análise. Mas vamos lá.
O filme reproduz uns estereótipos idiotas. Eles até tentam mudar as coisas, mas no fim é a história do macho alfa (branco hétero). E o pior é que eles reduzem uma boa personagem ao papel de “mãe”, vou falar melhor sobre isso aqui. Eu pensava que tinha sido ruim, mas depois de analisar: pior ainda. Vamos ver se até o final eu consigo uma decisão concreta de qual lado da representatividade Jurassic World está.
“Que [o filme] tinha regredido na representatividade (?)”
Foi essa afirmação em uma conversa que me deu vontade de escrever. Acho complicado dizer que regrediu. Eu sinto que é algo que tá acontecendo muito, eles estão começando a ter noção desses problemas e querem mudar, mas tá difícil quebrar hábitos. Um filme recente que isso também acontece é Kingsman Serviço Secreto. O pior é que eles se esforçam pra fazer diferente, fazem merda, são criticados e devem ficar “mas…????” Alguém tinha que dar umas aulas de representatividade em Hollywood. Ou eles podiam começar a assistir Netflix.
Resenha de Jurassic World no ConversaCult
Eu acho que eles avançaram, mas estão cheios de problemas, porque alguns conceitos ruins não foram descontruídos. Vamos falar de tudo.
– Representatividade étnica
Foi uma surpresa pra mim ver um filme com rostos tão “diversos”. Tinha até um cara japonês, outro de descendência chinesa e um indiano!!! Basicamente todos os personagens secundários são de pessoas que não são nem homem nem branco. Tem um momento que aparece uma tropa e tem uma (!!) mulher soldado no meio e ela nem é a primeira a morrer.
E por secundários também estou incluindo o chefe do parque, o vilão (ele é gordo), o melhor amigo do protagonista (negro…), personagens com fala na sala de comando, o cientista.
O diferencial (e avanço) de Jurassic World é que eles vão além do “único personagem que não é branco yey” e saem espalhando gente por todos os cantos.
Por outro lado, a história central ainda é baseada numa família de pessoas brancas. e loiras.

É quase como se tivessem escrito a história comum de sempre e “opa, precisamos de diversidade” *enfia ao redor um monte de gente* Não duvido que tenha sido isso, nem por maldade. A Chimamanda Ngozi Adichie fala sobre a história única (e breve post sobre isso no CC, nessa tag) e sobre como ela uma criança negra na Nigéria escrevia histórias sobre pessoas brancas, como nos livros que lia. Pessoalmente, eu sinto o mesmo acontecer enquanto eu escrevo. Por muito tempo meu instinto padrão era de escrever histórias protagonizadas por homens, brancos, hétero e magros. Ainda hoje esse é o protagonista que surge instintivo. E eu sinto muito em mim uma certa resistência para mudar. “Esse é o meu personagem, eu imaginei ele assim!” Aí a “solução” é colocar ao redor. “Ah, o melhor amigo não é tãão importante, ele pode ser.” Eu combati e enfrento esse tipo de pensamento, mas se a gente nem tem noção do quanto ele é nocivo em termos de representatividade, pode fazer sem perceber e eu acho que um filme como Jurassic World (Jurassic Park: O Mundo dos Dinossauros é o título br?). Eles têm uma mentalidade treinada (como todo mundo tem) e ainda não chegaram ao ponto de mudar. Se é que podem. Às vezes o estúdio pode intervir falando “não, precisamos de um macho alfa, um filme só com a mulher não vai vender”. Ou “não, o protagonista não pode ser um ator latino, mas se você faz tanta questão, ele pode ser o recepcionista.”
Enfim, é a diversidade em segundo plano. O típico “escrevi minha histórias. oh, só pessoas brancas. vamos colocar esses outros aqui. yey. diversidade. resolvido.”
obs: Por que o pai dos garotos tinha que ser branco também? Não rolava uma família interracial?
E eu assistindo fiquei pensando em como o chris pratt subiu a nível de galã por ter emagrecido. O que é algo horroroso
.
Então na diversidade geral, é um, tipo, 6/10. Os filmes normalmente ficam em 2 ou 3.
– Representatividade de gênero
Aí é interessante que o início do filme o foco é nas mulheres. Uma mulher mandando os filhos para o Parque, a mulher protagonista no emprego no Parque. Nesse trecho elas são as protagonistas, mesmo que depois a história vá ser sobre os dois garotos no Parque, o protagonismo tá na mãe. E essa parte é quase toda a introdução, o Chris Pratt aparece no final da introdução.
Mas ao mesmo tempo é uma merda. É basicamente “homens sendo babaca com mulheres”. O filho mais velho é um total fuckboy e ele é recompensado com protagonismo por tratar mal a namorada, ficar de olho em outras garotas, tratar mal a mãe, tratar mal a assistente da protagonista. Se esse personagem fosse interpretado por uma garota seria revolucionário, porque nós não vemos garotas nesse papel, mas dessa forma só reafirma merda machista.
Tipo, nessa primeira parte toda mulher é tratada como merda e isso passa ok. Tirando as dinossauras, que recebem amor enquanto são domadas.
Sobre as dinossauras, é legal que elas sejam mulheres e ainda reforcem isso (por que é sempre O Rex, né?). Só que é quase que o único motivo das dinossauras no filme serem mulheres, é porque o protagonista é o macho delas.
Sobre personagens secundários da sala de controle: Eles colocaram uma mulher e um homem, o que é ok. Dois atores super fofinhos que eu adoro, mas não sei o nome. E é novamente um caso meio termo. Por um lado, tem uma cena ótima que eles desconstroem o trope da garota troféu (acho que alguém fez palestra em Hollywood sobre o beijo no príncipe encantado, porque essa parte os filmes têm entendido bem). Nessa cena, o cara toma a decisão corajosa de ficar pra trás quando todo mundo abandona o barco, então cria aquele clima e ele se aproxima para beijar a garota e… Nah. Ela não tá interessada. (ele se certifica de que ela tem namorado, porque aparentemente uma garota só pode não querer beijar um garoto se 1) for lésbica; 2) tiver comprometida.) Mas ok, você não ganha nenhuma mulher por ser o herói, tchau. É até uma forma boa de questionar isso em um filme que o herói-mor termina com uma garota. Criando esses paralelos, você mostra que não é só por ser um herói que você tem o direito de ficar com uma garota. Jurassic World ainda vai além nisso, finalizando sem o casal principal se pegando e estabelecendo as interações românticas previamente, mas eu vou falar disso no próximo tópico.
Agora, por outro lado, por que é ele que fica? Por que eles perdem tempo humanizando o personagem, dando fala engraçada e história pra ele? Por que não ela? Por que ela só sorri, chora quando homem tá em perigo e foge na ação final? Por que não é o contrário?
Agora vamos falar da protagonista.
Elas esteve envolvida em alguns momentos péssimos. obs: ela é tia dos adolescentes, irmã da mulher mãe no início do filme.
Esse é horrível que dá vontade de chorar. Eles estão fugindo nesse carro, os dois garotos acabaram de conhecer o Chris Pratt (protagonista homem) e meio que ela tava falando pra os sobrinhos “VOU COLOCAR VOCÊS EM SEGURANÇA” *dinossauros invadem precisam fugir no carro juntos* e aí eles voltam a discutir onde os garotos vão ficar, já é óbvio que é melhor ficarem juntos, e isso acontece.
Qual é o objetivo disso? Comédia e reforçar o ego do macho alfa. Ah, e machismo. Porque, sério, os garotos mal conhecem o Chris Pratt e acabaram de ver a tia na cena mais badass dela no filme (salvando o Chris Pratt!!!), mas aí partem pra conclusão de que é mais seguro ficar com ele. Sabe, o cara que teria morrido se a tia deles não tivesse salvo. É REALMENTE MUITO SEGURO FICAR COM ELE. (e é, mas tem como os personagens saberem disso? não.)
E mais: é um momento importante para a personagem. Ela explode pela primeira vez, ela aceita que é melhor ficar COM eles, que é o drama dela ao longo da história, e aí é tipo “nah, não. com você não é seguro.”
O segundo momento é ainda pior. Em algum momento mais pra o começo a mãe dos garotos, e irmã da protagonista, liga pra ela falando algo sobre os filhos. Não lembro exatamente do diálogo, mas é algo tipo:
Irmã: Vocâ não vai dizer isso quando tiver filhos.
Protagonista: SE eu tiver filhos.
Irmã: QUANDO você tiver.
Foda-se se ela não quer ter filhos, né? Foda-se. Simplesmente: foda-se. Foda-se as pessoas que não querem ter filhos, porque todas as mulheres no planeta querem ter filhos. Inclusive, esse é o único propósito da existência das mulheres. Ter filhos. Não é uma questão de se vai acontecer ou se a mulher quer, é só que VAI DEFINITIVAMENTE ACONTECER, PORQUE SIM. Eu to sensível com esse assunto depois do que fizeram com a Viúva Negra em Os Vingadores, depois eu encontrei essa imagem:

Como assim não ter filhos é um drama da Mulher Maravilha? WTF.
Isso parece desabafo aleatório, mas não é. Isso é o perigo da história única. Você pensa que é só uma vez ou outra, ou não é tão prejudicial, mas por que as pessoas só mostram isso? Por que o drama da mulher é sempre relacionado à questão de ter filhos? É limitador. É opressivo. Apaga a opção da mulher de ser mais do que isso. Então se vem mais. um. fucking. filme. e me insiste nisso, ainda mais em uma cena que basicamente diz “você não sabe de nada, quer ter filho sim” desautorizando a opinião da protagonista, é uma merda.
Mas a merda não é pouca, vamos entrar agora na história.
Depois de conversar sobre o filme, eu descobri duas coisas: parabéns, Jurassic World é protagonizado por uma mulher. Tipo, de verdade. É praticamente a versão dinossauros de Mad Max (sem mulheres lutando). Quem vem no nome é o homem, mas a história é a da mulher. E descobri que é a história de uma mulher trabalhadora aprendendo a ser esposa e mãe.
A protagonista do filme é toda caracterizada como alguém que foca demais no trabalho, estatísticas, controla um Parque de diversões inteiro e… bem, no caminho, deixa de lado algumas coisas. Faz 7 anos que nem vê os sobrinhos, pensa nos dinossauros mais como números do que animais, tenta controlar cada aspecto da vida. E aí você tem essa dimensão linda do filme:
Jurassic World é sobre natural vs. manipulado. O dinossauro normal vs. o geneticamente modificado. A vida “comum” e a mulher super controladora. Então é uma história sobre lidar com o imprevisível, não tentar conter a fera. É sobre se abrir pra o inesperado. Sobre aproveitar a natureza e, em vez de tentar enjaula-la, permitir que ela siga o próprio equilíbrio.
O dilema principal é justamente esse: eles criam um dinossauro geneticamente modificado novo, só que não dá pra saber direito o resultado de algo criado assim, como a genética vai acontecer na realidade
. E você não pode submeter a natureza às demandas humanas, tipo o vilão tentar fazer usando dinossauros pra guerra e a protagonista faz controlando o Parque.


Ou seja, a história dela é o principal paralelo com a história do filme. Enquanto ela passa por esse desenvolvimento de ser mais vulnerável (pera, eu não fiz uma análise sobre The Legend of Korra comparando os dilemas da superproteção vs. vulnerabilidade?) e deixar de controlar cada aspecto possível da vida, o protagonista Chris Pratt é mais um recurso narrativo. Ele é um cara que tá na vibe da natureza, amarra a história com os vilões e tem os recursos necessários para salvar o dia, mas a história? A história é ela. O desenvolvimento é ela. O que muda pra ele do início pra o final? Ele dá liberdade aos bichinhos do Parque e arranja uma namorada, mas não tem uma mudança de quem ele é.
Então: wow. Legal. Protagonista mulher. História desenvolvida. E é uma história legal. Uma mulher super trabalhadora aprendendo a lidar com o lado humano da coisa. Tem aquela cena ótima dela liberando a T-Rex, que não só é linda (FANART DELA COM O SINALIZADOR NA MÃO OLHANDO PARA A ESCURIDÃO POR FAVOR, AQUELA CENA FOI FEITA ESPERANDO UMA FANART), como simboliza esse momento em que a personagem decide abrir a porta para o desconhecido e a força da natureza. Ela decide confiar na liberdade. Ela está morrendo de medo, mas passou por essa jornada para chegar ao ponto de aprender que essa é a decisão certa. De que ela pode apostar e as coisas podem acontecer.
Mas em termos práticos, como essa história é contada?
No início do filme, como eu falei lá, eles sacaneiam o super controle dela pra comédia e problematizam a dedicação dela. “Olha só como você é uma pessoa horrível dedicando a sua vida ao que quer em vez de cuidar dos seus sobrinhos e família” Paralelo: acho que tem partes desse filme inspiradas em Como Treinar Seu Dragão 2. Inclusive, a mãe do Soluço (que também controla um “parque” de dragões) abandona o filho e o marido para ir viver em paz com os dragões, só que quando eles se reencontram a opção dela é validada. Tem um post bom que mostra isso. Então Jurassic World em vez de validar a opção dela com mulher trabalhadora, basicamente diz “você é uma chata controladora que deveria passar mais tempo com a família.”
Aliás, ela no início vem dando vários números de estatísticas, que são só pra mostrar como ela se importa mais com números sem sentido do que pessoas de verdade. Enquanto você tem o garotinho sobrinho dela metralhando dados sobre dinossauros e é chamado de gênio (eles literalmente usam a palavra “gênio” e a sabedoria de dados dele é utilizada ao longo do filme pra salvar vidas).
Repara como eles pegam a mesma coisa (decorar dados) e mostram de duas perspectivas diferentes, uma negativa e outra positiva. É o que eu falei no post sobre o problema de Game of Thrones e estupro. É mais como você mostra, do que o que você mostra.
E a jornada dela é totalmente pra mudar de ideia. De uma mulher em uma posição de poder no próprio trabalho para uma namorada/mãe de família. Eu consigo imaginar um cara na poltrona bebendo cerveja falando “ok, você pode trabalhar, mas não esquece de fazer a comida, beleza?” (nada é dito sobre a família do protagonista homem) (talvez a família seja meia dúzia de dinossauras. e ele não mostra o menor sentimento depois que elas morrem) (pior: ele mostra sentimento em uma cena no início que é pra ensinar a protagonista a ter sentimento pelos bichinhos mortos)
Podiam fazer isso de tantas formas. Ela é uma personagem tão interessante. Isso é conceitualmente interessante.
Mas naaah. Vai ser mamãe, vai. Esse é o único tipo de trama profunda que mulher pode ter, aparentemente.
“talvez a vida não seja só trabalho, talvez eu precise de um homem”
“e filhos”
Mas não só em termos de história, como a personagem em ação em si é desanimador. Primeiro que o filme começa fazendo ela parecer quase rainha mor da porra toda controlando a sala de comando, mas assim que a dinossaura foge: qualquer autonomia e poder que ela tem desaparece. Mas é basicamente: O PARQUE TÁ EM PERIGO. Ok, dane-se, cadê meus sobrinhos, eu errei a minha vida toda, agora é a hora de fazer um curso intensivo pra ser mãe.
E daí quase o resto do filme inteiro ela é só -> segue o homem pra encontrar as crianças. -> foge dos dinossauros pra salvar as crianças. Eu não sei o que ela fez nesses anos todos cuidando do Parque dos dinossauros (o Jurassic World), mas todo esse conhecimento não serve pra nada. Headcanon: ela passou esse tempo inteiro treinando corrida em salto alto em diversos terrenos. O Chris Pratt é o especialista em dinossauros, o garotinho é o mini-especialista em dinossauros. Ela: segue ordens.
Se você comparar com Guerra Mundial Z, por exemplo, que a mãe só chora, corre, fica num barco e liga pra atrapalhar, é um avanço. Porque ela é mostrada como uma personagem que pelo menos assume o dever de salvar os sobrinhos. “EU VOU FAZER ISSO, EU NÃO VOU FICAR ESPERANDO”. E até o desenvolvimento dela é bem trabalhado. Mostra como ela sempre se importou com o trabalho e a parte analítica, e deixou de ver a parte ~humana~ e animal dos seres. então quando ela vai buscar os garotos é tipo “puta que pariu, eu disse pra minha irmã que ia cuidar dos filhos dela por um fim de semana, eles chegaram aqui, eu mal fiquei com eles, deixei eles com a minha secretária, e agora eles estão correndo perigo porque eu não pude parar um segundo nem pra saber qual é a idade deles. EU NÃO VOU COMETER O MESMO ERRO. CADÊ ESSAS CRIANÇAS. EU VOU ENCARAR O MAIOR DINOSSAURO DO MUNDO PRA PEGAR MEUS SOBRINHOS.” [DE SALTO ALTO]
Mas em termos de ação é ela correndo, seguindo as ordens do outros e sendo comédia.
Tem três momentos bons.
Um é quando ela grita para o Chris Pratt que tá tentando acalma-la “EU NÃO SOU UM DOS SEUS ANIMAIS” – porque tudo indica que ela é uma fera e, bem, ele é o domador.
Tem um outro que dá até pra recortar e mostrar como exemplo de representatividade. Os dinossauros que voam escaparam, os protagonistas estão em uma rua cheia de gente correndo e esses bichos estão passando voando e levando as pessoas. Ela quer encontrar os sobrinhos, então o que faz? Sobe numa mesa. É quase um “EI, DINOSSAURO, ME LEVA DAQUI”. Aí você pensa: que mulher burra. Porque é mesmo a coisa mais idiota pra fazer, mas quem o dinossauro ataca acaba sendo o protagonista que tá no chão atirando pra o céu sem olhar pra trás. Ele é quase devorado e é ela quem salva dando uns tiros no bicho. Não só isso: depois de levantar ele cai nos braços dela e dá o único beijo que tem no filme no melhor estilo “meu herói!” (o herói é ela, se não ficou claor) Eles mais do que quebraram o trope da mulher tesouro com aquele casal de personagens secundários que eu falei, nessa cena eles estão invertendo esse trope. Esse é o filme dela. É ela quem ganha o cara.
E a câmera ainda ressalta isso. É esse o momento que os sobrinhos encontram ela, a câmera mostra ela com o cara de longe como na visão dos garotos. Ela de salto/saia/toda suja com arma na mão. E o garoto ainda diz “wow, essa é a nossa tia?” *carimbo de badass*
Infelizmente, logo depois nós temos aquela cena no carro em que os garotos querem ficar na segurança do macho alfa em vez da tia badass que acabou de salvar o macho alfa. Não tenho razão pra explicar aquilo a não ser como machismo.
Um detalhe interessante: os dois já tiveram um breve romance prévio ao filme, então não é tipo “me apaixonei em 30 segundos porque ele é muito gostoso” – o filme desde o início já deixa claro que quase rolou algo, mas não foi pra frente porque eles eram diferentes. Então quando eles ficam juntos, não é só porque “aqui o troféu por salvar o dia”, mas é porque a personagem mudou e ao trabalharem juntos no filme abriu uma nova possibilidade para o romance acontecer.
Mais pra frente na operação: VAMOS PEGAR DINOSSAURO DO MAL, ela fica sentada num caminhão com os garotos assistindo num tablet(?), enquanto ele vai com modo e soldado e dinossauros ao ataque, mas aí dá tudo errado e ela tem que salvar a própria pele dirigindo o caminhão. Pelo menos ela sabe dirigir carregando as crianças.
Mas o terceiro momento que eu queria falar é que no final quando eles vencem, é por causa de uma decisão dela. É ela quem dá o golpe da vitória decidindo soltar a dinossaura rex. Então ela vai lá, abre uma jaula, sai correndo com o bichão e faz ele atacar o outro bichão, enquanto o Chris Pratt já tinha desistido. E a protagonista faz isso, é claro, naquela cena simbólica de abraçar o imprevisível da natureza.

É basicamente o resumo do filme(?), ela aprende a libertar e deixar a natureza falar por si e resolver as coisas.
Infelizmente, o filme entende por “deixar a natureza livre” a mulher arranjar um namorado e decidir ter filhos.
Então…
Entããão…
Não acho que eu precise de um julgamento. Cada vez mais eu to percebendo que não vale concluir se um filme é bom ou ruim. Eu sei como foi assistir pra mim (meio tedioso, mas todas as cenas de ataque de dinossauro foram tensas e legais, muita irritação com fuckboy, atores que eu adoro em todo canto). Eu sei o que eu aprendi sobre representatividade a partir dessa análise. Vamos em frente. (mas acho que não vou incluir na minha lista de filmes que eu assisti e indico)
“Eles até tentam mudar as coisas, mas no fim é a história do macho alfa (branco hétero).” Eu não sei mais se é a história do macho alfa, ou talvez seja. Se dependesse de divulgação e o que falam por aí, eu nem saberia direito que ela tinha alguma importância pra o filme. Eu só sabia que tinha uma mulher. E saltos. Então talvez mesmo que tudo isso seja focado nela, no fim do dia na nossa cabeça enxergamos como mais um filme do herói homem.
Em outras notícias: Eu não sei se vou escrever sobre Divertida Mente, mas fica aqui a indicação.
NOssa eu amei muito seu texto ❤ ❤ ❤
A Claire é uma personagem tão interessante, competente e maravilhosa (fator Bryce Dallas Howard) só que mais uma vez, os produtores caíram na armadilha de fazer algo diferente usando os moldes de sempre.
Sobre a questão das ordens, ela dá uma empatada com Chris Pratt, afinal ele sabe sobreviver na selva, mas ela está sempre dando ordens (de chegada, saída) p outros funcionários.
A cena dela libertando rex foi lindíssima, é a minha favorita do filme, mas não deixa de ser absurda: gente, soltar um animal perigoso para derrotar o outro, ok, mas e depois? e se o diabo do bixo fosse atrás deles?
Sua colocação sobre a linguagem da tia e sobrinho foi perfeita! Eu só pensava: ai, que garoto chato, cala a boca! Eu não gosto do elemento 'crianças' em filmes, mas eles servem para fazer a liga entre produto e público, aí eu penso: poderiam ter botado um casal de irmãos, não? Meninas e meninos seriam representados.
Achei tão exagerado o choro da irmã dela! "era pra ser um final de semana em família" e lágrimas. Credo, mulher, não é pra tanto… talvez o choro fosse por causa do divórcio, sei lá, porém achei over. O 'quando' vc for mãe foi um ponto final na conversa. Ela será mãe, ainda que não saiba ou queira. A palavra final não foi de Claire e seria maravilhoso se tivesse sido. Mais conservador impossível.
E reparei na mulher armada também, mas gente que armas mais bostas, que plano de ataque mais furado, hein? Tem uns pequenos detalhes no filme que não engoli mesmo. Claire correndo de salto, hahaha
A cena que os meninos continuam o passeio, sem instrutor, sem que ninguém pudesse impedir, á primeira vista achei fail, mas depois lembrei que em safaris é assim mesmo, se vc abrir a porta do carro e sair é por sua conta, então é aceitável no filme.
E todo amor aos raptors, os melhores coadjuvantes ever O NEGRO SOBREVIVEU ATÉ O FINAL! AMÉM, SENHOR!
ps: Eu adoro o Chris Pratt (impossível não amar os 3Chris da Marvel), mas quando se fala no filme, ele é o centro, nem mencionam a Bryce, sendo que, como vc falou, a história dela é que a desenvolvida, os seus sobrinhos estão em perigo, ela precisa de um apoio, que é o que o domador é. A personagem é vital para a trama, e eu gostaria de saber se os salários foram os mesmos para ambos.
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Obrigada pelo seu comentário ❤ eu fiquei MUITO feliz quando vi xD HUHAUAHUAH a parte de soltar o Rex eu até gosto pelo lado metafórico. Soltar e deixar a natureza resolver, porque a natureza sabe o que é o certo, o que tem a ver com a trajetória da personagem de "se soltar". HAUHAUHAUHA isso do personagem negro sobreviver é uma verdade triste. 😦
Isso do salário é uma dúvida interessante. Tenho impressão de que não.
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“mas quando se fala no filme, ele é o centro, nem mencionam a Bryce, sendo que, como vc falou, a história dela é que a desenvolvida”
Tudo que eu li sobre o filme, só mostrava foto do Pratt e pra mim ele era o protagonista mesmo. O.o
Ainda não assisti o filme e olha que eu curto muito a série, mas sei lá, estou cansada das mesmas coisas e parece a mesma coisa.
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HUAUAHUAH a sensação é de que ele é o protagonista, mas a história é centrada nela. pra ver a situaçãio
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